Segundo o técnico de futebol gaúcho, Cléber Xavier -auxiliar de Tite na seleção brasileira de futebol-, o Bourbon Festival Paraty 2022, que aconteceu da última sexta-feira (20) até domingo, pode ser considerado um "gol de placa". "É diferente do festival de Jericoacoara [CE], por exemplo, onde já estive e tem um palco só. Aqui tem música pela cidade toda, com atrações nacionais e estrangeiras muito boas. Sábado, assistimos ao show do Toninho Horta, que eu já conhecia, e depois vi o norte-americano Vasti Jackson, que eu não conhecia. Achei os dois shows ótimos, além disso dá para trazer a família, porque a festa é bem familiar", disse em entrevista concedida, com exclusividade ao blog, o técnico que esteve no evento acompanhado de sua mulher e uma filha pequena.

Já a paratiense e balconista Cirlei Magalhães, 53, afirma a importância econômica e de "semeadura" do evento para a cidade. "Esse evento é maravilhoso porque traz muito turista para a cidade e a gente depende do turismo. E o legal é que você conhece pessoas e músicas diferentes de outros lugares, do mundo inteiro. Além disso, dá a oportunidade de você apresentar as novidades da música para as crianças desde cedo", falou a paratiense que estava acompanhada das netinhas Maria Alice, de dois meses, e Eloá, 4.

Ok, de acordo. Festivais de música realizados com responsabilidade econômica e social trazem muito mais do que música e dinheiro para os locais e para a população de onde são realizados. Ou pelo menos deveriam trazer. Quanto à mescla de atrações internacionais e nacionais, quando de alta qualidade musical, é o mínimo que se pode esperar.

Contudo a 12º edição do Bourbon Festival Paraty, após ficar dois anos sem ser realizado por conta da pandemia da Covid-19, trouxe tudo isso e vida. Vida para um povo que está cansado de morrer ou de ver a morte de perto. Um povo carente de manifestação cultural coletiva. Um povo carente de "cirandar" entrelaçado pela comoção causada pela música.

O show de João Bosco, que aconteceu na primeira noite do festival, fez com que a abertura do evento pudesse ser considerada como um encerramento, de tão comovente, tocante e apoteótica. O artista fez o show inteiro em pé, cantando e tocando violão com um vigor incrível.

Suingue e energia não faltaram. Mesmo no som do power trio que acompanha João Bosco. No baixo, Guto Wirtti, na bateria Kiko Freitas e na guitarra Ricardo Silveira. Três músicos soando em número bem maior. É muita qualidade, comprometimento, respeito e punch juntos; uma pedrada o som que esses três produzem. O violão de João...Ah, o violão de João é único, continua sendo o violão de João, maravilhoso. Sua voz idem. Assista, a seguir, ao vídeo gravado com exclusividade pelo Música em Letras, no qual está registrado um trecho do show do artista.

Toninho Horta, como João Bosco, não deixou por menos. Nos dois shows o público se manifestou gritando "Fora Bolsonaro!". Toninho Horta disse que precisamos ser audazes e completou cantando "Manuel Audaz", "Trem Azul" e "Beijo Partido", entre outras. Banda e repertório, também um arraso. Os acordes de Toninho...Ah, os acordes de Toninho, continuam sendo os acordes de Toninho Horta, que junto com suas melodias se transformam em músicas lindas, bem estruturadas, repletas de momentos mágicos. Assista, em https://www1.folha.uol.com.br/blogs/musica-em-letras/2022/05/12a-edicao-do-bourbon-festival-paraty-termina-neste-domingo.shtml, ao vídeo gravado com exclusividade pelo Música em Letras, no qual o artista interpreta "Beijo Partido".

Se o pessoal da banda Blues Beatles, do blueseiro Vasti Jackson, do grupo Groveria e da cantora Vanessa Jackson pedisse ao público que enviasse um PIX para que cada artista continuasse no palco tocando e cantando, todos estariam se apresentando até agora. Redundância à parte, os quatro espetáculos foram espetaculares. Assista ao vídeo com um trecho do show de Vasti Jackson.

No palco Santa Rita, Joabe Reis distribuiu groove de alta qualidade musical com muito balanço, no último sábado. Sua banda só tinha cobra criada, entre eles Marcelo Martins no sax tenor e Sidmar Vieira no trompete, que improvisaram com empenho e sentimento, passando ao largo de solos maçantes estritamente frios e técnicos. O trombone de Joabe Reis...Ah o trombone de Joabe Reis, só ouvindo para saber do que a alma gosta. Os solos e as composições confirmam que ele é não só um dos melhores trombonistas da atualidade, mas também um grande artista. Assista, a seguir, ao vídeo gravado com exclusividade pelo Música em Letras, registrando a passagem de som do trombonista e seu grupo.

Também no palco Santa Rita o experiente guitarrista Alfredo Lima se apresentou com seu quarteto no último sábado, deixando o espaço repleto de ritmos como o samba, jazz, blues e bossa nova. O último show do palco mais charmoso do festival foi no domingo, com Jefferson Gonçalves e Bittencourt Duo, que agradou e muito a quem os assistiu. Veja, a seguir, vídeo gravado com exclusividade pelo blog.

Entre os músicos que se apresentaram nos palcos destinados aos buskers, o exímio guitarrista Marcinho Eiras arrebentou e soube agradar o público. Assista, a seguir, ao vídeo no qual está registrado um trecho da apresentação do artista realizada no último domingo.

Ainda na noite de despedida do festival, Delfeayo Marsalis e John Pizzarelli Trio foram sensacionais. Assista, a seguir, aos vídeos com trechos dos shows desses dois grandes músicos.

Após o hiato de dois anos, por conta da Covid-1, a 12ª edição do Bourbon Festival Paraty comoveu o público, artistas, gente experiente ligada ao evento e, ao que parece, até as pedras irregulares do calçamento da histórica Paraty, que contribuíram para que todos suingassem ao caminhar pelas ruas ao som de música de qualidade, provando em ritmo de festa que ainda estamos vivos.