Na Corrida

Pé na estrada, mesmo quando não há estrada

Na Corrida - Rodrigo Flores
Rodrigo Flores
Descrição de chapéu atletismo instagram Meta

Influenciadores: nas redes sociais, você não corre sozinho

Perfis de Instagram são muito mais do que "espanta-preguiça"

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Rodrigo Flores

É jornalista. Foi diretor de Conteúdo do UOL e sócio do C6 Bank

São Paulo (SP)

Este era para ser um texto sobre preguiça. Mas não é.

A preguiça é um tema FUNDAMENTAL quando se discute corrida de rua. Há dias em que é muito difícil romper a inércia e sair de casa para correr. Tem o sol, tem a chuva, tem o frio, tem o vento, tem as dores, e tem o desejo natural do ser humano de preservar sua reserva energética e simplesmente dormir até mais tarde. Todos já sucumbimos à preguiça – e o assunto será tema de um post futuro, prometo.

Mas este texto será sobre outro tema. Explico.

Uma das minhas armas para combater a preguiça são os influenciadores digitais. Eu vejo algumas fotos de pessoas saudáveis e felizes no Instagram, assisto a alguns vídeos de corredores superando seus limites no TikTok, escuto uma música animada e pronto: consegui o empurrão que faltava para ganhar as ruas e começar o meu treino. Afinal, eu quero ser como eles. Quem não quer?

Procurei influenciadores que eu já seguia para confirmar a minha tese. E encontrei muito mais do que um mero "espanta-preguiça".

Conversei com a Alana Sicoli. Criadora do perfil @euescolhicorrer, ela entrou no mundo das corridas em um dos momentos mais difíceis da sua vida.

"Minha história começou em um domingo, quando minha irmã gêmea completou sua primeira maratona, no Rio de Janeiro. Era domingo, dia feio, ela terminou a prova e me telefonou feliz contando o que tinha acontecido. Naquele dia eu estava deitada no meu quarto escuro, em depressão pós-parto e com anorexia. Eu nem sabia a distância de uma maratona, e não acreditei que alguém pudesse correr 42 quilômetros sem parar. E foi nesse dia que a minha ficha caiu. Afinal, somos gêmeas univitelinas. Fisicamente, somos a mesma pessoa. Se ela consegue, eu também consigo. No dia seguinte, fui numa Smart Fit, subi na esteira e nunca mais parei."

Influenciadora digital Alana Sicoli posa em frente a uma fonte de água em Barcelona após completar corrida na cidade catalã
Influenciadora digital Alana Sicoli posa em frente a uma fonte de água em Barcelona após completar corrida na cidade catalã - Reprodução/Instagram @euescolhicorrer

As publicações casuais ganharam mais tração em 2015, quando Alana decidiu criar um perfil específico sobre corrida no Instagram.

"Meu marido foi transferido para Nova York. O inverno é uma estação muito dura para quem tem depressão. Decidi me antecipar e coloquei um objetivo grande para me apegar. Fiz a minha inscrição na Maratona de Nova York. E para me ajudar na motivação, criei um perfil para compartilhar os meus treinos para a maratona".

E o que esse novo perfil significou para ela?

"Depois que comecei o @euescolhicorrer eu descobri um mundo novo. E muitas pessoas me acompanharam nessa descoberta. Sofri muito para encontrar um bom top de corrida, improvisava sutiãs, tinha muita dor. Aí uma seguidora dava uma dica, eu testava e compartilhava. E assim criamos uma rede, dividindo dúvidas sobre menstruação, sobre equipamentos e sobre tudo mais que envolve a corrida."

E eu sigo a Alana porque ela corre, mas é gente como a gente, com dilemas e dificuldades, e eu me identifico com isso.

Já com a carioca Julia Sette (@sette_julia) o caminho foi outro. Corredora desde a adolescência, quando criou coragem e resolveu literalmente colocar o pé na rua, ela começou a postar para manter contato com os amigos após trocar o Rio de Janeiro por São Paulo. "Na época, era um perfil fechado, só para os amigos mesmo. Aos poucos, tomei gosto e fui aumentando a minha base de seguidores. Mas, no fundo, eu via aquilo como um hobby e tinha preconceito com toda a exposição que eu fazia da minha vida no Instagram".

Influenciadora digital Julia Sette exibe medalha após completar a Meia Maratona do Rio
Influenciadora digital Julia Sette exibe medalha após completar a Meia Maratona do Rio - Reprodução / Instagram @sette_julia

Julia não parou de correr, mas parou de postar. "Em 2018, eu estava com muito trabalho, focada na minha profissão, e percebi que não tinha tempo para postar tanto sobre corridas. O hobby ficou pesado para mim".

Esse foi o fim da primeira temporada da Julia influenciadora. A segunda temporada começou dois anos depois.

"A verdade é que eu superei o preconceito que eu tinha contra as redes sociais e decidi voltar. Mas com outra cabeça, levando a produção de conteúdo mais a sério". Quando a Julia fala que é a sério, não leve ao pé da letra. "Os vídeos precisam ser leves. As mulheres estão se destacando em tantas áreas, e estão mostrando que podem ser engraçadas e divertidas."

E eu sigo a Julia porque a Julia é leve. Ela corre por prazer, e com prazer. E leveza é uma das maiores virtudes para quem corre.

E você? Quem você segue, e por quê? Deixe nos comentários ou escreva para blognacorrida@gmail.com. Ou siga o perfil deste blog no Instagram @rodrigofloresnacorrida.

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