Na próxima segunda-feira (17), a Folha abre as inscrições para o seu 66º Programa de Treinamento em Jornalismo Diário, o segundo exclusivo para profissionais negros. O critério de cor é a autodeclaração.
Pessoas formadas em qualquer área de conhecimento e estudantes universitários de todo o país podem se inscrever até o dia 18 de fevereiro. O treinamento terá duração de três meses, acontecerá em meio período e será híbrido, com atividades remotas e presenciais, dependendo do controle da pandemia.
Saiba como é o programa de treinamento da Folha exclusivo para negros:
Os trainees terão aulas de práticas jornalísticas, língua portuguesa, economia, direito e outros temas diversos. O domínio do inglês não é requisito para a seleção, que será feita por meio de prova, dinâmicas e entrevistas.
A coordenadora do curso será Flavia Lima, editora de Diversidade, que conduziu a última edição do treinamento. Ela lembra que, segundo o Perfil Racial da Imprensa Brasileira, estudo do Jornalistas&Cia, 77,6% dos jornalistas das redações de todo o país são brancos, enquanto 20,1% são negros.
"É um percentual bem inferior aos cerca de 56% de negros da população, segundo o IBGE. A gente tem um problema grande de representatividade."
Na avaliação de Suzana Singer, editora de Treinamento e Especiais, o programa exclusivo para profissionais negros incentivou candidatos que se sentiam intimidados a concorrer a uma vaga. Em 2021, foram 18 selecionados entre 2.388 postulantes. Atualmente, 15 trabalham na Redação da Folha e dois no UOL.
"Quando a gente vê oportunidades, por exemplo, na Folha, às vezes não tem nem coragem de se inscrever achando que não é para a gente estar ali. Então o programa de treinamento para pessoas negras é algo que diz: esse lugar é seu, participa", afirma a ex-trainee Paola Ferreira Rosa, repórter da coluna Zapping.
A participante Thaís Augusto, repórter do UOL Notícias, destaca as possibilidades oferecidas durante o curso. "A qualquer momento, um trainee pode sugerir pauta e, desde que ela seja aprovada, tem liberdade para ir atrás de fontes e fazer uma matéria bacana. Isso é muito importante para quem está começando."
A turma também produz um projeto final que é publicado no jornal. Na última edição, o resultado deste trabalho foi o caderno especial Afrofuturismo Já, com reportagens sobre questões da população negra envolvendo educação, cultura e segurança pública.
"É importante ter essa diversidade, ter olhares negros dentro das redações para que esses profissionais possam contribuir com a pauta, com a edição, com o pensar do jornal e com o que está sendo feito", afirma Ana Cristina Rosa, colunista da Folha.
Desde 2019, a editoria de Diversidade participa da contratação de jornalistas, colunistas e colaboradores e ajuda a trazer maior diversidade de fontes e de temas abordados pelo jornal. O objetivo é ampliar a pluralidade, um dos princípios editoriais da Folha, inclusive no perfil dos leitores.
"Se não houver oportunidades para que pessoas negras possam ocupar esses espaços, a gente vai continuar reproduzindo padrões no jornalismo que não são mais aceitáveis", diz o ex-trainee William Barros, repórter de Interação.
O programa conta com o patrocínio da Philip Morris e do Instituto Nelson Wilians.
As inscrições para o treinamento estão abertas até o dia 18 de fevereiro e podem ser feitas no site da Folha.
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