Daqui a alguns dias, na sexta-feira (25), a Libertadores, o mais importante interclubes da América do Sul, definirá os confrontos da sua fase de grupos.
Dos oito clubes que representarão o Brasil, três são estreantes. É a maior quantidade de novatos que o país tem em uma edição da competição continental, disputada desde 1960.
Bragantino, Fortaleza –que entraram direto nos grupos, via Campeonato Brasileiro– e América-MG –que avançou bravamente depois de eliminar, em disputas de pênaltis, o Guaraní (Paraguai) e o Barcelona (Equador)– certamente estão felizes só de participar pela primeira vez.
Mas será que algum deles sonha ganhar a Libertadores?
Estar na equatoriana Guayaquil, no final do ano, disputando a decisão do torneio?
Erguer o cobiçado troféu, como já fizeram São Paulo, Palmeiras, Santos, Grêmio (três vezes cada um), Cruzeiro, Flamengo, Internacional (duas vezes), Corinthians, Vasco e Atlético-MG (uma vez)?
Nenhuma dessas três equipes debutantes é favorita, bem longe disso –as principais apostas em brasileiros são no Palmeiras (atual bicampeão), no Flamengo e no Atlético-MG (atual campeão brasileiro)–, porém só não tem chance quem não está no bolo.
É difícil para um estreante, seja do Brasil ou não, faturar a Libertadores? Muito. É raro? Muitíssimo.
Excluindo a edição inicial, na qual todos os participantes jogaram a competição pela primeira vez, com o uruguaio Peñarol saindo vitorioso, apenas em quatro ocasiões um estreante venceu a Libertadores, realizada neste ano pela 63ª vez.
Dois deles, brasileiros. Os outros dois, argentinos.
O Santos de Pelé e companhia sagrou-se campeão em 1962, superando na decisão o bicampeão Peñarol. O Flamengo de Zico e companhia ficou com a taça em 1981 ao derrotar o chileno Cobreloa.
Em 1968, o Estudiantes bateu o Palmeiras de Ademir da Guia, Baldocchi e Servílio; em 1985, o Argentinos Juniors superou o colombiano América de Cali.
Todas essas decisões, curiosamente, tiveram três jogos. Cada time precisou da chamada "negra" para suplantar o adversário –à época o regulamento era diferente, prevendo esse jogo de desempate. Atualmente, o campeão é definido em jogo único.
É possível afirmar que a dificuldade hoje para se sagrar campeão da Libertadores, estando nela, é maior do que nos primórdios da competição.
Menciono "estando nela" porque antes era tarefa hercúlea estar na Libertadores.
Quando o Santos ganhou, só um time de cada país, o então campeão nacional, participava. Agora, pululam vagas. O Brasil classificou nove clubes –restam oito porque o Fluminense caiu precocemente.
Só que nos anos 1960 o caminho até o título era mais curto. O Santos ganhou em 1962 atuando nove vezes, com seis vitórias, dois empates e uma derrota.
Para ser campeão (ou vice) neste ano, a equipe que larga na fase de grupos (Palmeiras, Corinthians, Atlético-MG, Athletico-PR, Flamengo, Fortaleza e Bragantino são os brasileiros nessa condição) jogará 13 partidas.
Se o América-MG, que disputou duas etapas preliminares, chegar à decisão, terá atuado até lá 16 vezes.
Um longo percurso, que, se percorrido com sucesso, fará do Coelho o campeão estreante mais sensacional da história.
Improvável? Totalmente. Mas o futebol tem suas surpresas. Quem sabe o América (ou o Bragantino, ou o Fortaleza) não seja uma delas?
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