Ex-capitão da seleção de futebol da Rússia, Igor Vladimirovich Denisov é uma pessoa destemida. Ou, em uma outra forma de pensar, uma pessoa sem muito amor à vida, mesmo tendo esposa e quatro filhos.
Ele declarou, em entrevista ao canal no YouTube do jornalista esportivo Nobel Arustamyan, que a Guerra da Ucrânia, que teve início no dia 24 de fevereiro com a invasão de tropas russas no país vizinho, é algo "catastrófico", posicionando-se claramente contra a ação.
De acordo com as Nações Unidas, a guerra já deixou mais de 4.500 civis mortos no território ucraniano. O governo de Volodimir Zelenski estima os óbitos em pelo menos 12 mil.
"É horrível [essa guerra]", sentenciou o ex-jogador, que defendeu o Dinamo e o Lokomotiv, ambos de Moscou, e se mostrou preocupado com as possíveis consequências de seu posicionamento no regime de Vladimir Putin, rigidamente avesso a opositores.
"Talvez eu seja preso ou morto por isso, mas estou dizendo as coisas como elas são."
O receio de Denisov tem sua dose de fundamento. Pode até ser que a preocupação com a morte seja exagerada, mas a com a cadeia não é.
Recentemente, o Parlamento russo aprovou uma lei que condena à prisão –por um período de até 15 anos– quem espalhar fake news ou se pronunciar publicamente usando palavras que desacreditem ações militares.
O principal opositor de Putin, o advogado e blogueiro Alexei Navalni, está nela e não sairá tão cedo.
Volante, Denisov atuou pela seleção principal de seu país 54 vezes, de 2008 a 2016, e foi o capitão dela nos últimos cinco anos de serviços prestados. Não fez nenhum gol nesses jogos.
Um dos nomes mais famosos do futebol russo neste século, sagrou-se campeão do campeonato nacional quatro vezes, três delas pelo Zenit, de São Petersburgo (2007, 2010 e 2012), o time pelo qual mais se destacou, e uma pelo Lokomotiv (2018).
Na seleção, atuou como titular na Eurocopa de 2012, em todas as três partidas da Rússia no torneio sediado por Polônia e Ucrânia.
Na Copa de 2014, no Brasil, foi reserva e entrou em dois jogos, os empates por 1 a 1 contra a Coreia do Sul, em Cuiabá, e a Argélia, em Curitiba.
Nessas duas ocasiões, os russos decepcionaram e não passaram da fase de grupos.
Denisov se notabilizou em sua carreira por ser um atleta de temperamento forte, tendo se desentendido várias vezes com treinadores e recebendo punições devido à falta de disciplina.
Ele tem 38 anos e pendurou as chuteiras em 2019.
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