O técnico da seleção brasileira, Tite, fez nesta sexta-feira (9) a última convocação antes de divulgar a lista dos 26 jogadores que irão ao Qatar para a Copa do Mundo, que começa no dia 20 de novembro.
Os chamados disputarão amistosos diante de Gana, no dia 23, e da Tunísia, no dia 27. Serão os testes derradeiros que o treinador fará antes do Mundial no qual a seleção buscará o hexa.
A convocação permite tirar conclusões. A mais evidente é que há um problema, que parece ser sério, na lateral direita do Brasil.
Um único atleta da posição figurou na lista de 26 jogadores para as partidas diante das seleções africanas. Trata-se de Danilo, da italiana Juventus.
Nada de Daniel Alves (Pumas-MEX), nada de Emerson Royal (Tottenham). Tite elogiou Rodinei (Flamengo) ao comentar a convocação, porém não o incluiu. Marcos Rocha (Palmeiras) ou Igor Vinícius (São Paulo)? Não, nem perto.
O treinador tentou minimizar a questão, contudo é evidente que ela é preocupante. Se só está Danilo na lista, é porque o técnico considera que ele é o único atualmente em condições de defender o Brasil na posição.
O cenário se torna pior porque Danilo não está jogando sempre como lateral direito em seu clube. O treinador Massimiliano Allegri o tem escalado frequentemente como zagueiro, formando dupla com Bremer –uma novidade na lista de convocados.
Quanto mais um atleta atua por determinado setor, em determinada posição, mais ele fica habilitado a cumprir o papel que ela exige.
Claro que a experiência de Danilo, 31, é uma aliada, mas, quanto mais ele for utilizado na zaga, mais zagueiro do que lateral ele será, em comparação com os atletas que atuam todas as partidas na lateral direita.
O zagueiro joga muito mais estático, precisa cabecear muito bem e ter excelente posicionamento. O lateral vai ao ataque e volta para a defesa seguidamente, precisa de fôlego de sobra. Fisicamente, as exigências e responsabilidades são muito distintas.
O mais provável é que Tite eleja mesmo o veteraníssimo Daniel Alves (outro que não vem atuando na lateral direita, mas no meio-campo), 39, e Danilo como os laterais direitos para o Qatar. Porém, neste momento, as condições de ambos para jogar por ali são duvidosas.
Pode-se argumentar que jogadores de outras posições, como o zagueiro Éder Militão (Real Madrid) e o volante Fabinho (Liverpool), podem jogar na lateral direita, pois no passado desempenharam a função.
Sim, mas será improviso, não estarão "na deles". E improviso, ainda mais em uma Copa do Mundo, não é nada desejável.
Ou seja, a lateral direita da seleção está problemática, e não é de hoje.
Na Copa passada, Danilo, em quem nunca depositei grande confiança, machucou-se, e entrou o corintiano Fagner, que foi (e é) esforçado, o que é pouco para estar na seleção –tanto que ele não está.
Ademais, a lista de Tite para os amistosos mostra o seguinte:
- que a convocação de Bremer e Ibañez (Roma) aponta indefinição na escolha de todos os zagueiros –estranhei a ausência de Gabriel Magalhães, em ótima fase no Arsenal;
- que, com a contusão de Guilherme Arana que o tira do Mundial, Alex Telles (desprezado pelo Manchester United, que o emprestou ao Sevilla) tem vantagem sobre Renan Lodi (desprezado pelo Atlético de Madrid, que o emprestou ao Nottingham Forest) para ser o reserva de Alex Sandro na lateral esquerda;
- que Gerson (Olympique de Marselha), badalado até não muito tempo atrás, quando brilhava no Flamengo, é carta quase fora do baralho, sendo os volantes favoritos Casemiro, Fred, Fabinho e Bruno Guimarães (este último é ótimo, tem que jogar);
- que o meia Philippe Coutinho (West Ham), que há algum tempo deixou de ser aquele jogador que desequilibrava partidas –e que por isso foi titular absoluto na Copa na Rússia–, tem alta probabilidade de ser descartado, dada a preferência de Tite por Éverton Ribeiro (Flamengo);
- que no ataque Matheus Cunha, apesar de ser reserva no Atlético de Madrid, se mantém popular com o treinador da seleção, diferentemente de Gabigol –Pedro, colega dele no Flamengo, é quem foi chamado (merecidamente); e
- que Neymar, Casemiro, os zagueiros Thiago Silva e Marquinhos, e o trio de goleiros (Alisson, Ederson e Weverton) são intocáveis, nomes certíssimos na Copa; só não vão em caso de lesão.
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