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Um olhar brasileiro sobre Portugal

Descrição de chapéu Rússia refugiados

Ucranianos em Portugal organizam operação de auxílio humanitário

Grupo promove desde doação de bens até auxílio jurídico para pedidos de refúgio

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Toneladas de roupas e mantimentos para doação, plantão de advogados para auxílio jurídico e call center bilíngue para tirar dúvidas sobre o processo de migração da Ucrânia para Portugal.

Quatro dias depois da invasão russa, a comunidade ucraniana em Portugal –com auxílio de voluntários portugueses e de outras nacionalidades – conseguiu iniciar uma megaoperação humanitária para auxiliar as vítimas da guerra.

Na sede do projeto "Ukrainian Refugees UAPT", em Lisboa, mais de 60 voluntários se revezam em ritmo frenético nas tarefas.

Em uma sala dechada, um grupo de pessoas jovens mexe em caixas com donativos para víitimas da guerra
Voluntários trabalham na organização de donativos na sede a ong "Ukrainian Refugees UAPT", que organizou uma força-tarefa de ações para auxiliar vítimas da guerra - Giuliana Miranda/Folhapress

"Os portugueses têm sido mais do que fantásticos. São pessoas de coração enorme, com muita vontade de ajudar", diz o porta-voz do grupo, o ucraniano Maksym Tarkivskyy, 34, que reside em Portugal há 20 anos.

Nesta semana, o governo luso anunciou a regularização automática de todos os refugiados ucranianos que cheguem ao país ibérico. Eles terão acesso imediato aos serviços de saúde, segurança social e poderão começar a trabalhar imediatamente.

Para entrar em Portugal, os ucranianos podem apresentar qualquer documento de identificação, incluindo carteira de motorista. Mais de 1,4 mil pessoas já haviam apresentado o pedido de refúgio no país até a última sexta-feira (4), mas a expectativa é de que este número tenha um aumento expressivo nas próximas semanas.

Muito antes da guerra, Portugal já tinha uma bem integrada comunidade de pessoas da Ucrânia. Segundo os dados oficiais, em 2020 havia cerca de 28,6 mil ucranianos residindo legalmente no território português.

O número real de ucranianos, no entanto, já era bem maior. Além de não contar quem estava irregularmente no país, as estatísticas do SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras) também excluem quem tem a dupla nacionalidade portuguesa, que pode ser solicitada depois de 5 anos de residência legal no país.

Com experiência em trabalhos na ONU (Organização das Nações Unidas) em regiões de conflito, o português Diogo Guerreiro é um dos responsáveis pela logística do projeto. Ele relata que, no momento, o grande desafio é conseguir retirar as pessoas do país em segurança.

"Temos várias pessoas no terreno que nos vão passando informações. Então tentamos tratar de tudo, arranjar todo o acolhimento, desde o transporte até a integração no nosso país", explica.

Residente em Portugal há uma década, a advogada ucraniana Kateryna Ilechko têm passado parte dos últimos dias tirando dúvidas legais de seus compatriotas.

"Eu recebo os pedidos de apoio de várias formas. Por messenger, por e-mail e até algumas chamadas. As questões são sempre mais ou menos iguais. Eu tento responder o máximo possível e também encaminhá-las para o local correto para tratar da legalização e dos primeiros passos", detalha.

Mulher loira usa um computador enquanto está sentada em uma mesa
A advogada ucraniana Kateryna Ilechko, que mora em Portugal desde 2012, presta auxílio jurídico gratuito para as vítimas da guerra em seu país - Giuliana Miranda/Folhapress

"Eu anunciei logo nas minhas redes sociais que iria prestar apoio jurídico gratuito, assim como vários colegas também fizeram. Felizmente há uma onda de solidariedade muito grande, com muita oferta de ajuda", completa.

A poucos passos de distância do gabinete de apoio jurídico, fica o call center da associação: uma sala que abriga cerca de 15 jovens que digitam e falam ao telefone em ritmo frenético.

Grupo de jovens fala ao telefone e mexe em computadores em uma grande mesa comunitária
Parte do time de voluntários do call center de associação de apoio às vítimas da guerra na Ucrânia - Giuliana Miranda/Folhapress

Além dos canais formais, o grupo também a recebe milhares de mensagens via redes sociais e grupos em aplicativos de mensagens.

Os mais de 3.000 quilômetros que separam Portugal da Ucrânia fazem com que o ritmo de chegadas de refugiados a Lisboa e aoutras cidades lusas ainda seja lento.

A previsão é de que o fluxo migratório se intensifique a partir de meados da próxima semana, quando devem chegar os primeiros ônibus trazendo refugiados.

Muitas famílias portuguesas estão se voluntariando para receber cidadãos ucranianos em suas casas. Também já foram anunciadas iniciativas oficiais de acolhimento.

A Câmara Municipal de Lisboa (equivalente à Prefeitura), inaugurou um centro de alojamento emergencial com capacidade para cem pessoas.

Na avaliação de Maksym Tarkivskyy, as facilidades e a segurança de Portugal devem acabar atraindo a atenção de muitos compatriotas.

"Os ucranianos estão interessados, em primeiro lugar, em ter segurança e em estar em um país que os vai acolher bem. E eles reconhecem que Portugal é um dos países que vai fazer isso. Apesar de não ser a potência máxima da Europa, Portugal é um país que acolhe bem os estrangeiros", completa.

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