Os vídeos do Líbano que circulam nestes meses retratam um país desmoronando a olhos vistos. São as duras imagens da explosão que devastou o porto de Beirute em agosto de 2020, por exemplo, ou da violência urbana que acompanha a atual crise econômica. O linguista libanês autodidata Patrick Khoury, no entanto, gravou recentemente um outro tipo de registro. Em dezembro, ele publicou em seu canal do YouTube uma espécie de tour virtual das ruínas romanas de Baalbek, no vale que separa Beirute de Damasco. O vídeo é todo falado em latim.
A ideia é oferecer uma imersão nessas que são algumas das ruínas romanas mais bem preservadas do mundo. Os templos erguidos em Baalbek há cerca de 2.000 anos, no início da era cristã, são tão impressionantes quanto os de Roma. Os entornos – o vistoso vale do Bekaa – incrementam a experiência. O imperador brasileiro dom Pedro 2º passou por ali, aliás, no fim do século 19. Em seu diário de viagem, escreveu que a entrada nas ruínas, "à luz de fogaréus e lanternas atravessando por longa abóbada de grandes pedras, foi triunfal". O monarca gravou seu nome em uma das pedras de um templo.
No vídeo de quase 20 minutos, Khoury calmamente guia os visitantes pelo extenso complexo romano-libanês. O jovem linguista alerta que o latim que ele fala não é exatamente o mesmo que circulava naquela região. Não há consenso sobre como soava o latim tão distante de Roma, sob a influência de línguas como o aramaico, o fenício e o grego. Mas Khoury cumpre a proposta de abrir uma janela e acenar para como era a vida ali, no leste do Mediterrâneo, sob o controle do Império Romano. O vídeo, abaixo, tem legendas em mais de dez idiomas, incluindo o português. Basta clicar no ícone de configurações.
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