A história de vida da ativista social e prostituta Gangubai Kothewali, morta no fim dos anos 1970, conduz o filme "A Voz do Empoderamento", disponível na Netflix.
O longa é longo, de fato –tem cerca de de duas horas e meia de duração–, mas é um daqueles achados que merecem atenção no streaming. Vale saber: esse texto, pelo contrário, é curto. Mas contém spoilers.
"A Voz do Emporamento" foi inspirado no livro "Mafia Queens of Mumbai" (rainhas da máfia de Mumbai), publicado em 2011 pelo jornalista investigativo Hussain Zaidi.
Gangubai (ou Ganga, seu nome verdadeiro) tinha 16 anos quando fugiu de casa com o namorado para viver em Mumbai. O motivo era um sonho comum a jovens da época: se tornar uma estrela de cinema e ganhar a vida em Bollywood. O sonho, porém, não era bem-visto pelo pai, patriarca de uma família com boas condições.
Pouco depois de se mudar, Ganga acaba traída pelo rapaz com quem se casou. O marido a vende para um bordel de Kamathipura, bairro pobre da cidade. E, sem opção, é arrastada para o submundo da prostituição.
A atriz Alia Bhatt interpreta, brilhantemente, queda e ascensão de Ganga. A jovem, que adota o nome Gangubai, acaba aceitando o seu destino e começa a se relacionar com pessoas influentes do local –até cair nas graças de um poderoso chefe da máfia indiana, que a ajuda em diversos momentos.
Nesse contexto, Gangubai passa a ser não apenas a líder do bordel, mas uma figura política importante na região. Toma a frente para ajudar outras garotas que teriam o mesmo destino que o dela, vendidas a bordéis, e luta pelos direitos das prostitutas que lá vivem.
Quando um colégio do bairro inicia uma campanha para expulsar essas mulheres e livrar as crianças da "má influência", Gangubai se opõe e vai até o primeiro-ministro da época, Jawaharlal Nehru, pedir ajuda.
Em tempos em que os direitos das mulheres vêm sendo ameaçados por meio de restrições ao aborto e da exposição indevida de suas vidas, "A Voz do Empoderamento" nos permite conhecer a história de uma mulher que, sozinha, lutou por muitas nos anos 1960. É inspirador.
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