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Sons da Perifa - Jairo Malta
Jairo Malta

Em 'Maldita', MC Luanna ressignifica termo usado para oprimir mulheres

Novo disco retrata os processos de amadurecimento e afetividade de meninas pretas periféricas

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São Paulo

"De onde eu vim, a expressão 'maldita' sempre foi usada como forma de ofender qualquer mulher que peitasse um homem", é assim que a MC Luanna explica o termo que da nome ao seu novo EP que será lançado nesta quinta-feira (23). A cantora narra suas vivências na periferia e como isso se reflete em como se sente no disco.

Ainda sobre a escolha de "Maldita, Luanna diz que a expressão a fez ter a percepção de quanto as mulheres pretas e periféricas tem que enfrentar esse tipo de ofensa dentro e fora das periferias não podendo desanimar. "O EP surge como uma forma de subverter o sentido negativo da palavra e dar um outro significado pra ela. Quero mostrar para essas mulheres que o peso da palavra é muito menor do que a privação da nossa liberdade".

MC Luanna lança seu novo EP 'Maldita'
MC Luanna lança seu novo EP 'Maldita' - Juliana Ferrer/Divulgação

A rapper comenta que por ter morado na favela, muitas vezes se sentiu privada socialmente de ter experiências de amor saudável. "Uma das experiências mais comuns para as meninas na periferia é a de priorizar outra pessoa e depois ser deixada de lado", afirma Luanna.

Nascida em Ubaitaba, na Bahia, a MC, viu a mãe se mudar para São Paulo quando ainda era criança. Hoje aos 26 anos, e depois de viralizar com o hit "Bonde da Hello Kit", em 2021, Luanna vem celebrando conquistas dignas de grandes carreiras, mesmo a sua tendo começado a pouco mais de dois anos.

A mais recente, sua apresentação no palco principal do festival CENA —principal evento de trap do país que aconteceu de 17 a 19 de junho deste ano. "Ser uma mulher preta e que vem da favela é lutar diariamente por tudo o que dizem não ser para nós. Poder cantar no mesmo palco de artistas que eu admiro e com histórias parecidas com a minha, me motiva a seguir em frente".

As referências musicais de Luanna também esbarram no funk. Isso porque o ritmo, assim como o rap, também faz um retrato da periferia —porém em um formato mais festivo. "Pouca gente sabe disso, mas eu sempre gostei de escrever. Eu costumava fazer cartas em nome das minhas amigas para os namorados delas que estavam presos, e nesses momentos, a linguagem do funk eram as expressões mais presentes".

A rapper ainda mistura referências da sua cidade natal na Bahia com o clima de São Paulo. "Tenho muito contato com a cultura baiana em casa, através das histórias de família e dos pratos típicos, mas a minha obra é paulistana, porque as minhas músicas foram escritas a partir das experiências que eu tive quando me mudei pra cá".

"Maldita" ficará disponível nas principais plataformas de streaming, a partir do dia 23 de junho. Quem não quer perder o lançamento, basta buscar o link do pré-save nas redes sociais da cantora.

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