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Por mais Helenas na Ciência

Helena Nader é a 1ª mulher na presidência da Academia Brasileira de Ciência

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​​Em meio a tantas notícias complexas e difíceis para a educação e para a ciência em nosso país, nesta semana tivemos um importante momento de celebração e oxigenação, com a entrada da primeira mulher na presidência da Academia Brasileira de Ciência (ABC). Trata-se de Helena Nader, professora titular da Escola Paulista de Medicina, da Unifesp, e que também já presidiu a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

A ABC é uma instituição centenária que vem atuando de forma magnífica sob a gestão de Luiz Davidovich, que realizou trabalho agregador e magnífico como presidente. Agora, em ato inédito em sua história, a Academia vai empossar a primeira mulher para dirigi-la. Um fato emblemático que inspira outras mulheres e jovens no mundo acadêmico.

Já mencionamos como as mulheres na ciência experimentam disparidades históricas em seus locais de trabalho, em oportunidades de desenvolvimento e avanço profissional e mais ainda na conquista de cargos de liderança. Por isso é tão importante celebrar a conquista de Helena Nader, que também é de todas nós.

Ao lado da celebração, pesa o fato de que momentos como esses ainda são poucos. Todos/as, especialmente os tomadores/as de decisões, precisam avançar para que as mulheres ganhem maior representatividade em cargos de liderança na ciência, e onde mais quiserem. Da mesma forma, as mulheres em cargos de direção devem abrir e criar políticas para promover espaços para mais mulheres e suas capacidades. Um movimento que requer mudanças sistêmicas e estratégias e práticas para recrutar, reter e promover as mulheres.

Em levantamento feito com base em dados de fevereiro de 2022 do Portal da Transparência, o pesquisador Alexsandro Cardoso Carvalho, do SoU_Ciência, mostrou que há grande desproporção entre homens e mulheres em posições de destaque na gestão das universidades brasileiras, considerando o nível do vencimento e o status do cargo/função que ocupam.

O gráfico a seguir, que faz parte do estudo que será publicado em breve, mostra claramente que quanto mais elevado o cargo/função menor é a proporção de mulheres:

Gráfico com informações sobre a quantidade de cargos ocupados nas universidades brasileiras por homens e mulheres
CD - Cargo de Direção; FCC - Função de Coordenação de Curso e FG - Função Gratificada - quanto maior o número indicado, menor é o status do cargo/função - SoU_Ciência

Ao conversarmos com a professora Helena Nader, que é também membro do comitê científico do SoU_Ciência, fica evidente a sua luta incansável, desde há muito tempo, pelo direito de todos/as à ciência e pela valorização dos/as cientistas.

Interessante é que há um encontro importante entre a sua eleição e a crescente confiança da opinião pública na ciência e nos cientistas, conforme dados da última pesquisa de opinião realizada pelo SoU_Ciência e pelo Instituto Idea BigData, publicada na Folha de SP.

Nesta pesquisa, vê-se o aumento expressivo da valorização do/a cientista e da ciência, em comparação com pesquisas anteriores. O Brasil, hoje, pensa em ciência, quer debater a ciência e quer ouvir os cientistas.

Temos ainda 40% da população que quer ler artigos científicos, o que demanda dos/as cientistas maior poder de comunicação com a sociedade e dos políticos uma maior elaboração das políticas públicas para inclusão e ampliação do direito à ciência.

Ilustração de uma mulher de óculos e jaleco, com referência à professora Helena Nader, em meio a um cenário que lembra a imensidão do espaço.
Andres Sandoval/SoU_Ciência

O incentivo do governo federal à pesquisa e à educação superior no Brasil, por outro lado, tem sido lamentável. Um contexto agravado pelos cortes orçamentários e pela pandemia do novo coronavírus. Pesquisa do Sou Ciência também mostrou que o emprego e a fome são fatores que despertam maior preocupação nos jovens brasileiros que a educação.

A depender dos rumos, no atual momento político, os avanços necessários à ciência e à educação poderão ficar ainda mais comprometidos, visto o último turbilhão no MEC, com escândalos sobre venda de bíblias, esquemas ilícitos envolvendo pastores e prefeitos com a utilização de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e a saída de mais um ministro. O quinto ministro que chega à pasta no início do quarto ano do governo Bolsonaro, elemento adicional que comprova o descaso da gestão com a educação.

Nossos jovens merecem um futuro e é urgente trabalhar para oferecer a eles diversas possibilidades de crescimento pessoal e social por meio de uma educação de qualidade, pública e laica.

​​Universidades que formem profissionais qualificados/as para que tenhamos novas descobertas, avanços, desenvolvimento, mais diversidade e igualdade em todos os espaços. Para que tenhamos mais Helenas ocupando postos estratégicos e de destaque na ciência.

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