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Vacinas contra Covid-19 não são experimentais

As vacinas para a Covid passaram por estudos e análises rigorosas

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São Paulo (SP)
Silhuetas pretas de mesas e pessoas conversando, das pessoas saem balões de diálogo coloridos com seringas dentro.
Meyrele Nascimento/SoU_Ciência

No artigo desta semana, apresentamos um dado muito importante e preocupante sobre um levantamento nacional de opinião realizado pelo SoU_Ciência em parceria com o Ideia, com 1,2 mil entrevistados e margem de erro de 3%, e cujos detalhes serão publicados em breve: descobrirmos que 30,4% da população ainda acredita que as vacinas contra Covid são experimentais e 17,1% não sabem se as vacinas têm comprovação científica.

Isso significa que a metade da população ainda não confia na vacina!

Trata-se de um número bastante elevado, porque completamos agora dois anos de vacinação e bilhões e bilhões de doses foram aplicadas na população do mundo todo. Esse fato, por si só, já é uma demonstração concreta de que estas vacinas não são experimentais.

Mesmo assim, é importante relembrar os processos científicos pelos quais passaram as vacinas, assim como passam todos os medicamentos. Uma nova vacina, antes de ser aprovada para a sua utilização em humanos, passa por estudos detalhados da sua constituição química e biotecnológica. Todos os componentes são testados em culturas de células, os chamados testes in vitro, mas também em modelos experimentais. Ao ser comprovada a sua eficácia nestes modelos e a ausência de toxicidade, seguem os estudos em humanos que se dividem em três fases realizadas em voluntários. As duas primeiras fases são estudos muito controlados para verificar a força da vacina, mas também para garantir que não farão mal aos humanos. A terceira fase, feita em milhares de pessoas em diferentes lugares e países, é conduzida ao longo de muitos meses.

Mesmo diante da emergência sanitária que vivemos, as vacinas para a Covid tiveram estudos e análises rigorosas. No Brasil, as universidades e os cientistas brasileiros foram fundamentais para os estudos de fase 3. Além disso, as vacinas que aqui chegaram foram rigorosamente analisadas pelo órgão regulador, que verifica todos os dados e faz cuidadosas checagens estatísticas antes de aprovar qualquer vacina ou medicamento.

Nossos especialistas fizeram isso, mas ainda para serem mais cuidadosos, forneceram uma licença emergencial para as duas primeiras vacinas, a Coronavac e a Oxford/Astrazeneca, pois era preciso acompanhar a evolução da vacinação. Alguns meses depois, estas vacinas receberam o registro definitivo, o que é feito com base na análise da população. Ou seja, milhões de pessoas receberam as vacinas e os possíveis efeitos adversos foram também registrados e analisados.

Passados quase três anos do início da pandemia no Brasil, depois de meses de estudos das vacinas e de dois anos do início da vacinação para a Covid-19, é evidente que essas vacinas funcionam, salvaram e continuam a salvar vidas, impediram as pessoas de desenvolver a doença grave e suas sequelas. Afirmamos categoricamente que as vacinas não são experimentais e não estão sendo aplicadas como se fossem um experimento humano em campos de concentração. É preciso conscientizar a população sobre a importância desse trabalho incansável dos cientistas para que tivéssemos esse benefício e para que pudéssemos chegar aqui hoje e falar sobre todo esse trabalho.

Além de tudo, é preciso continuar falando das vacinas, especialmente em um momento em que temos as variantes e subvariantes da Omicron. Estamos vendo um aumento no número de casos e também de internações, especialmente dos idosos e imunossuprimidos, cujo esquema de doses de reforço já ultrapassa os 8 meses. Ao mesmo tempo, uma parcela considerável da população ainda não tomou as doses de reforço, que contribuem tanto para evitar a doença grave.

O trabalho dos cientistas não parou, em breve virão as vacinas bivalentes, que combatem algumas subvariantes da Omicron e que serão fundamentais para salvar as pessoas cujos sistemas imunológicos precisam de fortalecimento (como é o caso dos idosos e pessoas com algumas doenças de base).

Certamente, muitos mais desafios virão no sentido de reverter esse quadro, visto o uso ideológico e injustificável de argumentos que visam manipular a ciência para que a anticiência avance. Não se pode brincar impunemente com a saúde e com a vida das pessoas. Por isso, a ciência e a educação, além das políticas públicas de governantes sérios poderão evitar essas distorções ideológicas tão presentes no período que vivemos. Por meio da educação e ciência, e também da disseminação do que é feito em favor do bem da sociedade, será possível vislumbrar um Brasil melhor.

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