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Vacina Bivalente: por que tomar?

Governo Bolsonaro deixou como legado o aumento do negacionismo vacinal

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São Paulo (SP)
Duas mãos de uma pessoa negra usando uma seringa e um recipiente para vacina em frente a um fundo azul onde há uma silhueta azul escura do mapa do Brasil e a logomarca branca do Sistema Único de Saúde no canto direito.
Babi Lopes/SoU_Ciência

As evidências científicas que temos desde o início da vacinação contra Covid-19, em 2021, mostram claramente que as vacinas salvaram e continuam a salvar vidas. E se tivessem sido aplicadas no Brasil antes e em maior quantidade, teriam evitado milhares mortes entre abril e setembro de 2021. Este foi o período em que o Brasil ainda não tinha uma quantidade de vacinas suficiente, por falta de mobilização do Governo Federal, enquanto propagava-se a transmissão da variante gama do coronavírus por meses. Naquele ano, 94,5% da população brasileira queria tomar a vacina, demonstrando ampla adesão da população, e crença na ciência. A partir do momento que o Brasil atingiu mais de 70% de vacinados com duas doses (esquema vacinal inicial completo), vimos a queda nos casos graves e nos óbitos.

Infelizmente, no ano passado o cenário de adesão vacinal já não foi favorável e o movimento antivacina ganhou espaço, turbinado pelo período eleitoral. Depois de terem perdido a batalha da vacina em 2021, os negacionistas realizaram uma ofensiva no início de 2022, combatendo a vacinação infantil contra a Covid-19 e demais vacinas. Em pesquisa do SoU_Ciência de novembro de 2022 com 1.200 entrevistados em todo país, verificamos que mais de 30,4% da população passou a acreditar que a vacina contra Covid-19 não tem comprovação científica e 46,8% dos entrevistados consideram a vacinação uma livre escolha individual.

Chegamos ao final de 2022 com um cenário de hesitação e recusa vacinal no Brasil em níveis nunca vistos. Fruto não apenas de movimentos sociais negacionistas, mas que teve, principalmente, como voz de comando e vanguarda do obscurantismo o Ministério da Saúde e o próprio Bolsonaro. Além disso, vimos "campanhas" abertas e manifestos contra a vacinação, em especial contra a vacinação infantil, a promoção de informações falsas sobre efeitos adversos, inclusive por médicos negacionistas ou pseudocientistas que minimizaram a transmissão pela Ômicron e suas subvariantes.

Por isso, ainda temos que trabalhar muito para desfazer o enorme estrago feito pelo governo negacionista de Bolsonaro, auxiliado pelos seus médicos ideológicos e pseudocientistas que pregam a antivacina, a anticiência e a farsa do tratamento precoce. Todos nós cientistas, pesquisadores, universidades, institutos e instituições da sociedade civil, temos que nos engajar fortemente para retomada do histórico de sucesso da vacinação no Brasil antes da pandemia, exemplo de êxito e admiração mundial, por suas campanhas pelo seu Programa Nacional de Imunizações.

Assim, é mais do que bem-vinda a nova e importante campanha de vacinação promovida pelo atual governo com a participação direta do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente, Geraldo Alckmin, da Ministra Nísia Trindade, a Secretária de Vigilância em Saúde, a Profa. Ethel Maciel e toda equipe do Ministério da Saúde, lançada agora no dia 27 de fevereiro e com a presença de lideranças, cientistas e população.

Seguem aqui algumas informações importantes devem ser retomadas e fortalecidas:

1. As vacinas contra Covid-19 não são experimentais, passaram por testes pré-clínicos e clínicos antes de serem aprovadas. Depois disso, a partir de 2021, foram aplicadas com muito sucesso em milhões e milhões de pessoas em todo o mundo;

2. A atual campanha traz a vacina bivalente, que não é nova. Trata-se de uma vacina adaptada, já conhecida e estudada e veio para combater o vírus original e também o vírus mutado (variante Ômicron e subvariantes BA4/5);

3. Ainda temos casos graves da doença e não podemos subestimar o vírus. A vacinação é a forma mais importante de proteção contra a doença e em defesa da vida;

4. No pós-carnaval houve aumento de casos em todo o Brasil.

Muitas perguntas são feitas sobre a atual campanha e sobre a vacina bivalente. Com base em evidências científicas e nas possibilidades de vacinação, algumas diretrizes devem ser reforçadas, tais como:

1. Na primeira etapa, devem ser vacinadas pessoas com 70 anos ou mais; aquelas a partir de 12 anos que tenham imunodeficiências; as que vivem em instituições de longa permanência e em comunidades quilombolas, indígenas e ribeirinhas;

2. É preciso ficar atento, pois o calendário deve mudar semana a semana.

3. Para fazer o reforço com a bivalente, é necessário ter tomado pelo menos duas doses da vacina contra Covid-19.

4. As pessoas que tomaram três ou quatro doses podem e devem tomar a bivalente;

5. Os efeitos adversos são semelhantes aos que já vimos com as doses anteriores, mas duram algumas horas e são normais. Muitas pessoas nada sentem.

Ares novos, tempos de reconstrução e um passo fundamental para uma caminhada pró-vacina, pró-ciência e pró-vida que temos pela frente.

É preciso dar um basta em notícias falsas. A batalha contra o negacionismo continua e vírus diversos, para além da Covid-19, esperam a baixa da nossa imunização coletiva. Só a confiança e o uso em massa da vacina poderá proporcionar a necessária proteção e ajudar a reduzir a circulação de diferentes vírus no Brasil e no mundo. Nos submeteremos de novo ao regime de peste dos obscurantistas?

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