Crise. Inflação. Impopularidade.
O governo Bolsonaro enfrenta problemas.
E as eleições estão aí.
O general Perácio convocou uma reunião sigilosa.
–Só o círculo íntimo do poder.
–Haha, general… essa coisa de círculo íntimo…
–O que é que tem?
–Termina em boiolagem, haha.
–O senhor me desculpe. Com todo o respeito. A situação é séria.
–Oquei. Vamos lá.
Perácio respirou fundo.
–Precisamos recuperar a nossa base.
–Haha, só se for a sua… a minha está firme e forte.
–Sim, mas…
–Haha… a sua base…
–Qual o problema com isso?
–Pensei que a operação das hemorroidas tinha dado certo…
Perácio fez cara séria.
–E deu. Deu certo sim.
–Mas ainda precisa recuperar a base? Haha.
Perácio fingiu que não ouviu.
–Estou pensando que poderia haver uma mudança grande no ministério…
–Espera aí. No centrão a gente não mexe.
Perácio concordou.
–Claro. O centrão é que nem o círculo íntimo. Intocável.
–Bom. Então o que você sugere, general?
–A Saúde, por exemplo… estamos desgastados de novo.
–Verdade.
–Precisamos de um nome forte. Respeitado.
–O Pazuello? Que acha de ele voltar?
Perácio mirava mais alto.
–Um nome internacional. Admirado. Capaz de mobilizar o público.
–Quem, general? Desembucha de uma vez.
Perácio pegou um papelzinho.
–O Di… Dijô…
Era difícil ler o nome direito.
–Dijôco… Dijoi…
–Dá aqui essa porcaria.
Houve uma pausa.
–Estou sem óculos. Chama um assessor aí.
O tenente Guarany leu o nome na perfeição.
–Djokovic. O tenista.
–Aquele contra a vacina?
–Exatamente. Sucesso garantido.
A tarde chegava com ventos de mudança na Esplanada dos Ministérios.
–Ah, falando em esportista…
–Sim.
–Na Justiça, ou nos Direitos Humanos…
–O que é que tem?
–Esse rapaz, tão perseguido. Tão injustiçado…
–Qual?
–E incrivelmente popular.
–O senhor não está falando de algum petista, está?
–Não, claro que não. Que burrice.
–Quem então?
–O Robinho, pô.
–Boa opção. Vamos continuar pensando.
–Mas avançando sempre, né!
–Bola pra frente, general.
Governos e ministérios costumam mudar..
Mas o impressionante é que a imaginação continua no poder.
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