Medo. Conflito. Confusão.
A Rússia ataca.
O mundo assiste chocado aos novos atos militares.
Será que se aproxima a Terceira Guerra Mundial?
Elpídio era ex-militante de um pequeno partido de esquerda.
–Haha. Eu bem que avisei.
Em seu pequeno apartamento em Santa Cecília, ele acompanhava os acontecimentos.
–Com o povo russo não se brinca.
E o povo ucraniano?
–Escravos do imperialismo ianque.
Na parede, o retrato de Che Guevara parecia concordar.
–Esse Putin é um cara sério.
O velho televisor Colorado RQ transmitia imagens do conflito.
–A Rússia esmagando seus adversários.
Elpídio fechou os olhos.
–Uma hora os russos chegam no Brasil.
A garrafa de conhaque ia chegando ao fim.
–Fazer disto aqui um país de verdade.
A garrafa de conhaque ia chegando perto do fim.
–Em vez disso, vai ser vodca de primeira.
A tarde chegava com ameaças de chuva na cidade.
–A revolução vai chegar na ponta de um fuzil.
Veio o relâmpago. A trovoada. A luz apagava e acendia.
–Primeiro ataque. Beleza.
Imagens pouco nítidas apareceram na telinha.
Um senhorzinho careca. Terno e gravata. Aparência séria e asseada.
–É o Putin, cara. Falando português.
A fala era nítida. Clara. Profética.
–Quem viver verá. É tempo de se arrepender.
–Falou e disse, Putin.
–Que todos se preparem para a grande conflagração.
–Já não era sem tempo.
–A hora da justiça chegará.
–Graças aos tanques russos.
–Graças ao Senhor Jesus.
Foi grande a surpresa de Elpídio.
O homem de terno e gravata não era o líder russo.
Era o pastor Vladinho. Sessão de cura todos os domingos na Vila Ipojuca.
O fim do mundo, por vezes, parece próximo.
Mas tudo depende do canal que você estiver assistindo.
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