Medo. Tanques. Tensão.
O panorama internacional inspira cuidados.
Tropas russas se concentram perto da Ucrânia.
O leitor pode perguntar.
–O que é que o Brasil tem a ver com isso?
Muito.
O presidente Bolsonaro se prepara.
Logo, logo, se encontra com o presidente Putin.
Uma cúpula de alto nível.
–Hahaha. Melhor que puxar saco de nordestino.
Os Estados Unidos não estão achando graça.
O momento exige delicadeza e estratégia diplomática.
O general Perácio comandava a reunião.
–Esse Putin não é comunista não?
O assessor Guarany procurava na internet.
–Bom, parece que… em parte…
O tapa estalou sobre o tampo da mesa de jacarandá.
–Ou é comunista ou não é.
Guarany acelerou sua pesquisa.
–Estou querendo ver o que o professor Olavo achava dele.
Notícias mais recentes chamaram a atenção do assessor.
–Xi… parece que ele está querendo fazer uma guerra lá por aquelas bandas.
Perácio se interessou.
–Belo tanque esse. Olha só o veículo motorizado.
Veio a súbita inspiração.
–É o momento em que nós, brasileiros, podemos levar uma mensagem de paz.
O espírito de Guarany incendiou-se de entusiasmo.
–Ele não precisa invadir esse outro país lá… a Armênia.
–Armênia, Ucrânia, Polônia, sei lá.
A mão de granito explodiu sobre a mesa novamente.
–Está decidido.
A proposta era simples.
–Manda as tropas dele para o nosso Rio de Janeiro.
–Positivo, general.
–E passa fogo naquela cambada.
–O senhor se refere a… aos favelados?
–Com critério, Guarany, com critério…
–Entendi… o senhor sugere que, quando encontrar alguém mais branquinho…
–Aí é russo.
–E no resto…
–Faz a limpeza, pô.
Perácio concluiu.
–Onde já se viu russo contra ucraniano?
–Branco matando branco…
–É contra a natureza humana.
–Esses comunistas, às vezes, são muito eficientes.
–Armas de primeira qualidade, Guarany.
A tarde caía em Brasília com esperanças de paz.
A neve, por vezes, fica manchada de sangue.
Mas também são brancas as areias de Copacabana.
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