Rock. Pop. Eleição.
A juventude vibra.
É o Lollapalooza.
Em Brasília, o clima era de mau humor.
O general Perácio acompanhava os acontecimentos.
–Que porcaria é essa?
Vários artistas manifestam seu apoio a Lula.
–Isso não me surpreende.
O assessor Guarany ficou curioso.
–Por que, general?
–Droga. Muita droga.
A mão de granito explodiu sobre a mesa de jacarandá.
–Sexo. Nudez. Imoralidade.
–O senhor acha, general?
–Tinham de estar a favor do comunismo também.
O desejo era proibir tudo.
–Em nome da família brasileira.
A cantora Pabllo Vittar é uma das estrelas do evento.
–Olha isso aí. Não é homem nem mulher.
–É a terceira via, general.
O tapa ressoou novamente sobre o tampo da mesa.
–Uma ova. Isso é Lula na certa.
–Precisamos dar uma resposta urgente, general.
Perácio ficou pensando.
–E se a gente fizesse o nosso festival?
Guarany deu uma risadinha.
–O Bozapallooza, né general…
O terceiro tapa fez balançar o porta-retratos e a bandeirinha nacional.
–Quieto. Faz a lista das nossas atrações.
Várias duplas sertanejas foram elencadas.
Motosserra e Machadinha.
Miliciano e Pistoleiro.
–Boa. Mais urbana essa temática…
–Precisamos alguém metaleiro.
–Alicate e Choque Elétrico?
–Alguma banda…
–A Genocida.
–Existe isso?
–Ô.
–E está faltando mulher.
Um toque de sensualidade é importante.
–Umas evangélicas?
–Tem as que fazem tudo por Jesus.
–Evinha e seus cobrões.
–Sulamita Quebra-Tábua.
No laptop, imagens se sucediam.
Fervor. Entusiasmo. Vibração.
–Essa aí está segurando o quê?
–Acho que é só o microfone, general.
A tarde caía com brisas no horizonte de Brasília.
Perácio se sentiu estimulado para a nova missão.
–E nenhuma droga no nosso festival, hein, Guarany.
–Mas não precisa, né, general.
No rock, muitos gostam de metal pesado.
Mas chumbo quente é com o governo mesmo.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.