Estima. Respeito. Consideração.
A rainha da Inglaterra não morreu.
E recebe interessante homenagem de seus admiradores em todo o mundo.
Uma boneca Barbie se inspira no modelo da monarca.
No Brasil, o clima é outro. Carnaval. Em abril? Pois é.
O estilista Kuko Jimenez tinha sido convidado para vários eventos.
Para o desfile do bloco Fala Fino, a fantasia estava pronta.
–Vou de loira ucraniana. Fácil porque pobre.
Sua inseparável amiga Juju Santoro preparava a maquiagem.
Paletó. Gravata. Barba de cinco dias. E sobrancelhão grosso.
–Vou me fantasiar de Mamãe Falei.
Kuko ainda se agitava.
Havia mais blocos e mais convites.
–Para as Folionas de Alphaville… precisava ser algo mais distinto.
O condomínio de luxo impunha uma fantasia mais elaborada.
–Pronto. Vou ser a Barbie da Elizabeth.
–Hihi… e eu vou de Príncipe de Gales. Saia escocesa curtinha.
A dupla tinha pouco tempo para se organizar.
–Carruagem. A gente tem de ir de carruagem, Kuko.
O segurança Andersen topou participar.
–Meu primo faz reciclagem de ferro-velho na região da Sé.
–Ótimo. Então você puxa a carroça.
Purpurina. Papier-machê. Papel crepom.
–Uma carruagem perfeita.
–A vantagem, Andersen, é que a gente pesa pouco.
–Juntos, não dá nem 90 quilos.
–Tranquilo, patrão.
Foi triunfal o trajeto para Alphaville.
–Nossa… olha aí quanta gente para nos receber…
–Fantasiados de mendigos. Que ideia legal.
–E bem crítica, né, Juju?
–Ai, Ai. Calma, gente.
–Andersen. O que você está fazendo?
–Desculpe, patrão. Estou tentando desviar aqui a carruagem.
–Mas por quê, Andersen?
–Essa gente é mendigo de verdade, patrão.
Juju estava começando a chorar.
–Mas não chegamos em Alphaville?
–A entrada está meio bloqueada, patrão.
Logo ela se acalmou.
–Olha… aquele mendigo lá é bem loirinho.
–Crise da classe média, dona Juju.
–Hum… e aquele morenão ali?
–É o meu primo, dr. Kuko… foi ele que emprestou a carroça.
Kuko e Juju não chegaram até Alphaville.
–Vamos ficar aqui mesmo. Nos braços do nosso povo.
As fantasias foram jogadas fora.
–O rei está nu. A rainha também.
–E o príncipe nem se fala.
A vida das elites, por vezes, se assemelha ao amor.
Chega a hora da primeira vez.
No começo, dói. Mas logo a gente se acostuma.
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