Índios. Pássaros. Florestas.
Cuidar do meio ambiente é dever de todos.
Chega a notícia preocupante.
Recorde de desmatamento na Amazônia.
Mais de mil quilômetros quadrados só num mês.
Em seu gabinete em Brasília, o general Perácio acompanhava os acontecimentos.
–Nem na ditadura conseguimos tanto.
O assessor Guarany trazia o cafezinho.
–Imagina quando a gente der o golpe, né general.
Perácio segurava a xícara com delicadeza.
–Cada coisa no seu tempo, Guarany.
–E sobre o desmatamento… o senhor vai dar alguma declaração?
–A imprensa distorce tudo, Guarany.
–Mas…
–Bom. Prepara aí o comunicado.
O general levantou-se da poltrona com solenidade.
–Em primeiro lugar, estamos produzindo ouro, carne e soja para o nosso país.
–Apoiado, general.
–Alguém é contra isso?
–Certamente não, general.
–Em segundo lugar… houve esse acontecimento triste…
–Qual?
–Aqueles índios que sumiram na selva.
–Os ianomínions?
–Um nome parecido, sei lá.
O dedo de Perácio fazia risquinhos sobre a mesa de jacarandá.
–A gente tinha de procurar esses índios.
–Corretíssimo, general.
–E como quer que a gente ache no meio daquela floresta toda?
–Só desmatando, né, general.
–Infelizmente, não pudemos obter a solução completa.
–Os índios parece que foram encontrados, né?
–Não deu para matar eles no tempo certo.
–Mas a gente chega lá, general, com certeza.
–É o Brasil em marcha, Guarany.
A tarde caía calma nos horizontes do Planalto.
–Por que não derrubaram aquela goiabeira lá na frente?
–É onde a ministra gostava de subir, general.
–Ela vai virar candidata, Guarany. Já pode trazer a moto-serra.
O Brasil vai seguindo seu rumo.
Árvores se derrubam.
Enquanto isso, as instituições balançam.
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