Música. Balada. Mobilização.
A Virada Cultural volta às ruas da cidade.
Podem dizer o que quiserem.
Mas São Paulo esbanja vitalidade.
Palcos. Guitarras. Garrafas.
O americano Norton estava animado.
–Eu adóóór o Bruzíwl.
Ele apreciava todos os ritmos.
–O sáámb. O pagóldy. O funk.
No uber, ele dava uma geral pelo centrão.
–Incrwível.
O celular daria as informações básicas.
–Quáánd coméss ul viráld?
O sinal falhava.
–Sirá qui yé ul chip da Vívowl?
Ele tinha comprado no aeroporto.
O motorista do uber se chamava Adalberto.
–Tem muita pilantragem lá em Guarulhos.
Norton não perdeu o bom humor.
–Séyn problém.
Ele deu a instrução clássica.
–Mi déixy na ishkin dy Ipirááng e Sáun Juán.
Depois da pandemia, era o momento de matar saudades.
A caminhada ia acompanhando o pôr do sol.
–Ôup. Ôupah. Já teyn un moviméént ali.
Fogueiras. Música. Barraquinhas.
–Belêyz. Éy o poulv paulisht.
Algumas pessoas já esboçavam movimentos de dança experimental.
–Béyn moudérn.
Ninguém usava máscara.
–Clím de confiáánç…
A multidão parecia andar sem rumo.
Norton puxou conversa.
–Óndji fííc o páálc do show?
Quem respondeu foi Férgusson.
Morador de rua e dependente de crack.
–Show aqui na cracolândia? Ah, é toda hora, moço.
Luzes. Fogos. Estampidos.
–É rojáun?
Era a PM.
A operação veio com gás, água, chumbo e borracha.
Os quatro elementos paulistanos.
A bala perdida atingiu a panturrilha do turista americano.
No pronto atendimento, ele não se queixa demais.
–A Viráád é quéntchi. E cuméss com mitál pesáád.
Alguns chamam de metal pesado.
Mas, para a PM, o programa está mais na linha dos clássicos de sempre.
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