Crime. Abuso. Violência.
Mais uma vez, a Amazônia atrai as atenções do mundo.
Indigenista e repórter desaparecem no local.
Dom e Bruno.
Em Brasília, o general Perácio convocou uma reunião de emergência.
--Mais um abacaxi para a gente descascar.
Ministros concordavam com a cabeça.
--Eu gostava mesmo é do Dom e Ravel.
A dupla de cantores fez sucesso durante o regime militar.
--Lembram da música?
Vozes tímidas entoaram a canção.
--"Brasil, meu Brasil, eu te amo..."
--"Meu coração é verde, branco, amarelo, azul aniiiil..."
--Pena que a Regina Duarte não está aqui para cantar com a gente.
Perácio fez cara séria.
--Bom. Vamos ao que interessa.
O relatório tinha sido preparado pelo assessor Guarany.
--Jornalista britânico... estava com um indigenista daqui mesmo.
--Hum. Esse inglês. Tinha visto? Tinha autorização?
--Bem, general...
--O que diz o Ministério das Relações Exteriores?
--Hã...
A mão de granito explodiu sobre a mesa de jacarandá.
--Nossa querida Amazônia está desprotegida diante desses invasores estrangeiros.
--Verdade, general.
--Vamos anunciar medidas urgentes.
--Excelente, general.
--Vou nomear uma força-tarefa especial.
--Polícia e exército não servem?
--Precisamos de mais elementos, Guarany.
Da área da economia, veio a sugestão.
--A iniciativa privada está pronta para contribuir, eu acho...
Perácio assentiu com solenidade.
--O Julinho Peroba tem minha total confiança.
Tratava-se de um conhecido miliciano com atuação em zonas fronteiriças.
--Controla mais de mil agentes privados fortemente armados.
--E quem paga ele?
--Mineradoras. Madeireiras. Pecuaristas.
--Excelente.
--Pessoas que pensam de verdade no progresso do país.
Julinho foi contatado pelo rádio.
--Quero ver algum gringo entrar na Amazônia agora.
A reunião foi encerrada em clima de paz.
--E viva o Brasil.
Interesses estrangeiros se voltam para a Amazônia.
Os interesses locais, contudo, ainda estão com a última palavra.
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