Voltaire de Souza

Crônicas da vida louca

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Descrição de chapéu oriente médio

Copa das Arábias

Com Galvão Bueno na frente, cartão de crédito tenta dar confiança ao consumidor

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Esperança. Habilidade. Emoção.

Parece mentira.

Mas a Copa do Mundo se aproxima.

Vai ser no Qatar.

O distante emirado árabe receberá a nossa seleção em novembro.

Custos. Passagens. Hotéis.

O torcedor inteligente precisa se preparar com antecedência.

Surge a promoção.

Um cartão de crédito irá sortear pacotes para a Copa das Arábias.

Quem dá a notícia é o famoso locutor Galvão Bueno.

–Haja coração.

Natanael acompanhava pela TV.

–Futebol. Bela joça.

O ex-comerciante ainda não estava recuperado do 7 a 1 no Mineirão.

–Vergonha.

Era uma época de entusiasmo.

–Paguei passagem para todos os meus funcionários.

A loja Natanael das Tintas passava por um período de expansão.

–Dei desconto para quem comprasse Suvinil verde e amarelo.

Crise. Dívidas. Falência.

–Não acredito mais em nada.

Na TV, Galvão Bueno dava força à promoção.

Comprando na bandeira do cartão, aumenta a chance de torcer pelo Brasil.

–Eu, hein? Brasil nunca mais.

Ia chegando um friozinho gostoso pelos lados de Sapopemba.

Uma soneca poderia melhorar o humor do sexagenário.

–Se eu ganhasse essa promoção…

Ele puxou o cobertor.

–Me mudava para o Qatar e não voltava nunca mais.

Areias. Dólares. Camelos.

–Recomeçar a vida…

Uma fresta de luz entrou pela porta da suíte.

Surgiu a estranha visita.

Camisolão branco. Turbante. Nariz avantajado.

–Será um xeique?

–Que é isso, Natanael? Não me reconhece?

–Galvão Bueno?

–Olha aqui o envelope da sorte.

A mensagem trazia o logotipo do cartão de crédito.

Dedos ansiosos rasgaram o papel timbrado.

–Pô. Mas isso é a conta do cartão.

Quase oito mil reais de juros pelas mensalidades em atraso.

Galvão Bueno não perdeu o bom humor na hora de mostrar a conta.

–Vai que é sua, Natanael.

Natanael ainda tentou jogar a bolinha de papel amassado nas costas da aparição.

Mas já era jogo jogado.

Na luta do orçamento familiar, cada mês é uma rodada.

Mas o brasileiro sempre perde de 7 a 1.

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