Desespero. Radicalismo. Polarização.
Para alguns setores, a campanha eleitoral divide o país.
Tonico recomendava calma.
--Primeiro de tudo, respirar fundo.
Os olhos castanhos transmitiam sabedoria e confiança.
--É preciso ficar com os pés no chão.
Tonico tinha gestos precisos.
--A perspectiva tem de ser o centro.
Ele explicava.
--Nem à direita, nem à esquerda.
Um sorriso leve mostrava a experiência de décadas.
--Se vai muito para um lado, a chance de erro aumenta.
Tonico semicerrava os olhos.
--E ninguém deseja que nosso país tome um rumo equivocado.
O jovem empresário Hélio Alberto ouvia com atenção.
--Isso nunca, né, Tonico.
--Mas com gente como você, Hélio Alberto, não corremos esse perigo.
--Claro que não. Nem esquerda, nem direita...
--O centro, Hélio Alberto. Bem o centro.
--Isso. Sem dúvida.
--Está pronto para tentar?
--Claro, Tonico.
Tonico entregou a Hélio Alberto a semi-automática novinha em folha.
Na escola de tiro Mirante dos Araguaias, o alvo de treinamento era feito com poliéster reforçado.
--Aponta o armamento... bem no centro.
--Com certeza, Tonico.
--E fuzila a petralhada.
A sequência de tiros teve resultados admiráveis.
--Nem precisa treinar mais, rapaz.
--Hehe, é que eu fixei bem o meu objetivo.
Com as eleições, o Brasil procura seu caminho.
Mas a bala, por vezes, adota a trajetória mais curta.
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