Choque. Impacto. Indignação.
Pegou mal a fala do presidente Bolsonaro com diplomatas estrangeiros.
Um erro de inglês chamou a atenção dos internautas.
O cartaz dizia que tudo se tratava de um "brienfing".
Renata era professora de inglês.
--Ridículo. Todo mundo sabe que é "briefing".
O marido se chamava Álvaro.
--E eu que votei nele...
Renata deu um sorriso superior.
--Eu avisei, Álvaro, eu avisei.
--Achava que ele era o Mito.
--Pois é, Álvaro. Mas ele é o Minto.
--Eu dizia que era melhor o país "jair se acostumando"...
Renata saboreava a vitória ideológica.
--Ele, agora, é o já indo...
--Na eleição ele perde... mas e se der o golpe?
Renata se mostrava otimista.
--A gente vai para os Estados Unidos, Álvaro.
Ela tinha recebido ofertas para um curso de aperfeiçoamento em pronúncia do idioma inglês.
--E eu, Renata? Faço o quê por lá?
--O que sempre fez aqui. Coisa nenhuma.
--Não sei... essa coisa de visto, papelada...
--Esqueceu que meu primo é despachante? Ele já disse que resolve tudo.
Álvaro não estava convencido.
--Puxa, a gente tinha de ficar no Brasil... lutar por um país melhor.
Renata riu.
--Você? Lutar? País melhor?
Álvaro se ofendeu.
--Foi por isso que eu votei no Bolsonaro...
--Hã. Sei.
--E, agora, mudei de ideia...
--Tá.
--E sou a favor do impinchiment.
--Como é que é?
--Im-pin-chiment.
Renata olhou para o teto.
--Que homem burro, meu Deus. Como é que fui casar com ele?
--O que foi que você disse, Renata?
--Que você é um... um....
A raiva acumulada durante quatro anos veio à tona na alma de Renata.
--Um ibecil. Um indiota. Um rentardado.
Álvaro se recuperou rapidamente do choque.
--Ah. Está vendo? Agora que eu falo em impinchiment você me critica.
Renata já estava ligando para o primo despachante.
Álvaro continuou.
--Você que é bolsonarista, Renata. Bolsonarista milintante.
Ela já comprou passagem individual para Miami.
--É o dinvórcio, Álvaro. Procure outra conje.
Renata resume a situação.
--Você, Jair. Eu, Jáindo.
A vida conjugal, sem dúvida, se assemelha ao cenário político.
As pessoas aguentam o quanto podem.
Mas, por vezes, depois do n vem o pqp.
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