Fraudes. Licitações. Superfaturamentos.
O filme é conhecido.
Corrupção: o retorno.
Em Brasília, o clima era tenso no comitê.
–O homem foi eleito prometendo acabar com a roubalheira…
–Pois é.
–Não é que era mito mesmo?
–Silêncio. Não estamos aqui para mostrar falta de confiança no homem.
O famoso marqueteiro baiano Lourival Lorotto entrou na sala de reuniões.
–Ânimo, gente. Que a gente ganha essa eleição.
–Escuta, Lourival… esses casos de roubalheira… prejudicam bastante.
–Roubalheira? Onde?
–Os pastores do MEC… e agora as obras de engenharia.
Lourival não perdeu o entusiasmo.
–Calma, gente… eu tenho experiência nesse tipo de coisa.
Ele acionou o power point.
–Primeiro ponto. Obras superfaturadas.
–Certo.
Os óculos de grife do marqueteiro brilhavam estranhamente na escuridão.
–A explicação para isso é simples. Simplérrima.
Ele mostrou um gráfico na tela.
–Inflação, pô. Com essa inflação o preço de qualquer obra sobe mesmo.
–Será que os eleitores engolem essa?
–Tem mais.
Um elaborado trabalho artístico comparava as duas candidaturas presidenciais.
–Aqui estão os verdadeiros lados da questão.
–Um saco de dinheiro?
–Sim. E para quem você vai dar o dinheiro?
A ilustração era de fácil entendimento.
–Vai dar grana para Deus? Ou para o Diabo?
–Aquele vermelho ali não…
–Pois é. Esta é a encruzilhada em que se encontra o Brasil.
Lourival teorizava.
–Corrupção, isso depende do contexto.
–Verdade.
–Nós roubamos? Sim. Não vou negar.
–Puxa, Lourival.
–Mas é com Deus. Pela Pátria.
–Acima de todos.
–Então, a partir daí o caso dos pastores…
–Também se explica. Naturalmente.
–Grana para o Mito. Grana para a família.
–E grana para Deus.
–Lourival… você é um gênio.
A realidade, por vezes, atrapalha candidaturas governistas.
Mas uma boa assessoria sempre é capaz de fazer milagres.
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