No ápice do poder, líder da China é a pessoa mais importante de 2017

Carlos Barria/Reuters
FILE PHOTO: U.S. President Donald Trump welcomes Chinese President Xi Jinping at Mar-a-Lago state in Palm Beach, Florida, U.S., April 6, 2017. REUTERS/Carlos Barria/File Photo ORG XMIT: SIN204
O líder da China, Xi Jinping, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump

Num ano em que dois personagens mercuriais e perigosos despontaram com força no cenário mundial, Donald Trump e Kim Jong-un, o título de pessoa mais importante de 2017 poderia parecer uma barbada entre os rivais americano e norte-coreano.

Mas quem leva o prêmio é uma figura que está entre os dois, Xi Jinping, 64, o líder do colosso comunista chinês.

Está no ápice de seu poder e já foi descrito pelo próprio Trump como o mais poderoso comandante que o país asiático já produziu. Alguns fatores qualificam tanta admiração e temor mundo afora. Xi completou o primeiro de seus dois mandatos de cinco anos como secretário-geral do Partido Comunista. Ele o fez com uma celebração incontestável de poder: inscreveu sua doutrina pessoal na Constituição do país, algo que apenas Mao Tsé-tung (1893-1976) e Deng Xiaoping (1904-1997) haviam logrado fazer antes.

Xi rompeu com a tradição de projeção discreta de poder dos seus antecessores e proclamou que as próximas décadas verão um protagonismo inaudito de Pequim.

Ao não nomear sucessor, indicou que ele mesmo se vê por um período provavelmente maior do que o usual à frente do país.

Neste 2017, Xi também promoveu um grande encontro com lideranças de vários dos 68 países aderentes de seu mais ambicioso projeto geopolítico: a Iniciativa Cinturão e Estrada, lançada em 2013.

Focado em seis corredores físicos e rotas marítimas pelo Índico, o megaprojeto já consome US$ 150 bilhões anuais dos cofres de Pequim para estabelecer laços comerciais e de infraestrutura com seus parceiros. Geopoliticamente, a ideia é desafiar o poder americano representado no corredor transatlântico. Analistas apontam dificuldades intransponíveis para o sucesso pleno da ideia, e que isso poderá ao fim levar ao enfraquecimento do reinado de Xi.

Do ponto de vista militar, moderniza suas forças e ocupa espaços contestados no mar do Sul da China. Mesmo sendo o segundo país com maior orçamento de defesa no mundo, gasta um terço do que os rivais americanos.

Um fator mais urgente a desafiar Xi reside dentro da própria China. O avanço material, decorrente do posto de segunda potência econômica, choca-se com o crescente autoritarismo da ditadura comunista encimada pelo líder. Como liberalismo econômico sem liberdade individual é uma ave que não voa, a conta ainda irá chegar.

Publicidade
Publicidade