Grande conquista de Trump no primeiro ano de mandato pode soar como estelionato eleitoral

Brendan Smialowski/AFP
TOPSHOT - US President Donald Trump leaves after a Hispanic Heritage Month event in the East Room of the White House October 6, 2017 in Washington, DC.President Trump invited over 200 Hispanic business, community, and faith leaders, and guests from across the country to join in the celebration of Hispanic Heritage Month. / AFP PHOTO / Brendan Smialowski
Donald Trump, presidente dos Estados Unidos

O presidente Donald Trump começou seu mandato no dia 20 de janeiro de 2017 insistindo que havia mais gente em sua cerimônia de posse do que na solenidade de seu antecessor, Barack Obama. Era mentira.

Trump termina seu primeiro ano de mandato insistindo que não sabia das armações de Moscou para atrapalhar a candidatura da sua rival democrata Hillary Clinton. Ninguém sabe se é mentira.

De qualquer maneira, os conceitos de verdade, mentira, realidade e "fake news" foram repaginados durante o primeiro ano de Trump. E, em meio a declarações polêmicas sobre protestos de nacionalistas brancos e diatribes via Twitter contra o líder norte-coreano Kim "Homem Foguete" Jong Un, o republicano tentou governar. Grandes promessas de campanha ficaram no papel, por falta de apoio do Congresso (de maioria republicana) e contestações judiciais.

O muro na fronteira do México não saiu, porque o Congresso americano não liberou recursos.

"Rejeitar e substituir" o Obamacare, a reforma do sistema de saúde implantada durante o governo Obama, também não vingou.

O veto anti-imigração, uma das primeiras medidas baixadas por Trump após sua posse, foi contestado, teve diversas versões, entrou em vigor —mas sob ameaça de contestação jurídica.

O republicano se recusou a certificar que o Irã estava cumprindo os termos do acordo nuclear de 2015. Mas determinou que o Congresso é que teria de decidir se os EUA imporiam sanções.

Seu mantra "América em primeiro lugar", na prática, acabou se traduzindo em "América isolada". O governo americano está saindo ou se prepara para sair do acordo de Paris para o Clima, da Parceria Transpacífico, da Unesco e do pacto mundial da ONU para refugiados.

E ele desfez grande parte das regulamentações ambientais e técnicas criadas por Obama.

Tudo isso pode irritar os americanos não votaram em Trump em 2016. Mas era exatamente o que esperavam os eleitores do republicano: medidas populistas e nacionalistas.

Por outro lado, a grande conquista de Trump em seu primeiro ano de governo, caso realmente se concretize, pode soar como estelionato eleitoral para a classe média trabalhadora que o elegeu. Em dezembro, o Congresso negociava para aprovar a reforma tributária de Trump, a mais ambiciosa dos últimos 30 anos, que reduz substancialmente impostos dos mais ricos e foi comemorada pelos empresários. Se aprovada, a reforma pode resultar em aumento de taxas para a classe média anti-globalização que tanto turbinou a ascensão de Trump.

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