Fantasma do populismo ronda transições políticas na América Latina

Ariana Cubillos/Associated Press
Venezuela's President Nicolas Maduro holds the country's national flag during a rally in Caracas, Venezuela, Thursday, July 27, 2017. President Maduro has provoked international outcry and enraged an opposition demanding his resignation with his push to elect an assembly that will rewrite the troubled South American nation's constitution. Sunday's election will cap nearly four months of political upheaval that has left thousands detained and injured and at least 100 dead. (AP Photo/Ariana Cubillos) ORG XMIT: XFLL126
O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, abraça uma bandeira do país

Após dois anos de assustador avanço do populismo nos EUA e na Europa, 2018 será o ano de o Brasil e seus vizinhos de América Latina serem postos à prova, com quatro eleições importantes na região e uma aguardada transição de poder em Cuba, com a promessa de Raúl Castro deixar a presidência do país no fim de fevereiro, ainda que sem maiores acenos à democracia.

A sexta transição de peso é uma incógnita: Nicolás Maduro na Venezuela.

As eleições presidenciais, como no Brasil, na Colômbia, no México e no Paraguai, estão marcadas para o próximo ano, mas se o cronograma será mantido e se a oposição terá alguma chance de competição são perguntas ainda por responder —e o único meio de evitar que a rápida conversão do país em ditadura não se consolide de forma duradoura.

Da mesma forma, projeta-se como uma sombra a dúvida de se o chavismo permitirá que Maduro, cujos desmandos terminaram por enterrar o país em uma crise econômica, política e humanitária sem paralelos, como único e desastrado condutor do legado de Hugo Chávez (1954-2013).

Se a promessa das urnas parece pouco alvissareira no sul, ao norte, nos EUA, o governo de Donald Trump chegará à metade de seu mandato com o difícil teste popular das eleições legislativas. Hoje o partido do presidente, o Republicano, tem maioria tanto no Senado (exígua) como na Câmara (ampla).

A improvável mas possível reversão dessa maioria pode paralisar de vez um governo que pouco conseguiu realizar até agora e, pior para o presidente, aumentar as chances de um processo de impeachment, caso as conexões de seus antigos assessores com o Kremlin se provem problemáticas.

Do outro lado do estreito de Bering, aliás, Vladimir Putin passará por sua própria eleição, sem nenhuma ameaça de surpresa que possa obstruir seu contínuo avanço pela antiga zona de influência soviética e, cada vez mais, o Oriente Médio. Seu vizinho ao leste, o chinês Xi Jinping, também aproveita para expandir suas ambições globais, que agora são também políticas além de econômicas, no vácuo do neoisolacionismo americano.

Um possível freio a tal movimento seria o agravamento da crise na Coreia do Norte, ao que tudo indica agora munida de bombas nucleares que podem ser carregadas em mísseis cada vez mais eficazes. A Kim Jong-un importa mais ter as armas; usá-las em uma guerra seria sua aniquilação. O ditador norte-coreano e seu antagonista norte-americano, contudo, não primam pela lógica convencional.

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