2018, o ano em que o vinho rompeu barreiras

Colunista da Folha, Luiz Horta traça um panorama da bebida neste ano e faz previsões para 2019. Confira.

2018: ano de relaxar
O ano foi ótimo para vinhos, não sei do lado comercial, mas vi a bebida sair do seu pedestal. O vinho deixou de ser símbolo de status, resumido naquela cena acabrunhante do sujeito que chega ao restaurante com sua imponente magnum (a garrafa de 1,5 litro) de um Bordeaux caro e a coloca no centro da mesa, cuidando para que todos vejam bem o que ele tem.

Este ridículo foi substituído pelo vinho em taça, bebido por prazer, sem esnobismo, em bares relaxados, em que as pessoas estão se divertindo com a uva fermentada assim como fazem com a cerveja. Os vinhos orgânicos e naturais ganharam grande espaço. E as cartas de vinhos apareceram em todos os lugares, não só nos de luxo. Uma leva de jovens sommelières (sim, no feminino) deu o arranque nesse consumo -vinho agora é festa, não ostentação. Que continue!

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2019: verão com vinho
No próximo ano, espero que os fatos de 2018 aumentem. Prevejo um crescimento no consumo de vinhos que podem ser bebidos gelados —finalmente vamos ter verões com vinho. Vinho de verão é besteira, o que existe é a temperatura certa; há ótimos tintos para beber frios também. Brancos matadores de sede, como os sauvignons blancs aqui da região (brasileiros, argentinos, chilenos), serão o refresco do calor.

Também tende a aumentar o número de drinques à base de vinho, como mimosas, sangrias, porto tonic, e criações de mixologistas com xerez. Aliás, os fortificados como xerez, Porto, Marsala e Madeiras podem ser redescobertos e entrar no gosto do novo bebedor. Basta que os provem com queijos e vai se abrir um mundo novo de gostos (mas aqui é meu desejo, mais que uma previsão).

Luiz Horta é colunista da Folha.

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