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03/11/2012 - 04h30

Cientistas mapeiam variações genéticas entre a população mundial

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DO "GUARDIAN"

Cientistas publicaram a totalidade da sequência genética de mais de mil pessoas de 14 países, criando o inventário mais completo das milhões de variações presentes entre as sequências de DNA dessas pessoas.

O banco de dados do "Projeto dos 1.000 Genomas" poderá esclarecer as origens genéticas de doenças complexas e sugerir modos de tratá-las, além de ajudar em estudos da evolução humana.

Os resultados do projeto foram publicados nesta quinta (01) na "Nature", e contêm a sequência completa do DNA de 1.092 pessoas de regiões como a Europa, as Américas, o Leste Asiático e a África. Os resultados-pilotos do projeto foram publicados em 2010.

O projeto durou cinco anos e custou por volta de US$ 120 milhões. Foi uma colaboração internacional entre cientistas, investidores e empresas para mapear a diversidade do DNA humano. Os cientistas aproveitaram o aumento da velocidade e a redução dos custos das máquinas sequenciadoras de DNA para realizar o trabalho.

O primeiro genoma humano, divulgado em 2003, demorou mais de uma década para ser sequenciado. Mas o "Projeto dos 1000 Genomas" completou o grosso do sequenciamento em menos de um ano. Hoje em dia, um genoma pode ser inteiramente sequenciado em apenas alguns dias.

Agora, as informações disponíveis contêm 99% de todas as variantes genéticas presentes no grupo estudado, até as variações raras, que só ocorrem em um a cada cem indivíduos. "Chegamos a um ponto em que as pessoas estão sendo sequenciadas em condições clínicas. O objetivo desse recurso é navegar pelas variantes encontradas em um indivíduo e interpretá-las" diz o professor Gil McVean, da Universidade de Oxford, um dos autores líderes do estudo.

A informação será estudada por milhares de pesquisadores, que vão interpretar as variações de DNA entre pessoas para tentar descobrir quais causam doenças. Além das sequências de DNA, o "Projeto dos 1.000 Genomas" também guardou amostras de células das pessoas estudadas, para permitir que futuros projetos científicos analisem o efeito biológico das variações de DNA.

O projeto demonstrou que algumas das mais raras variantes de DNA tendem a concentrar-se em regiões geográficas restritas. "Na Europa, pensamos que somos todos similares", disse McVean. "Mas se observarmos as variantes mais raras --as presentes em 0,1% no mundo-- e encontrarmos duas cópias dessas mutações, elas estarão quase sempre no mesmo país. Nessa classificação, o que for encontrado no Reino Unido é diferente do encontrado na Itália e diferente do encontrado na Finlândia".

As variantes raras são mutações que tendem a fazer coisas ruins aos genes --evitam que o gene que codifica uma proteína funcione, alterando sua sequência, ou afetam o modo como é regulado. "Essas mutações raras, que têm os efeitos mais fortes, são as que tendem a ser mais geograficamente restritas" disse McVean. "Essa é uma descoberta que documentamos pela primeira vez com esse trabalho".

Uma técnica de associação do genoma completo foi usada em outros trabalhos para catalogar as diferenças no DNA humano. Os cientistas procuraram em amostras de DNA de milhares de pacientes uma determinada doença e compararam sua sequência com amostras de voluntários saudáveis do grupo de controle, observando diferenças genéticas em cada amostra. Isso deu dicas de variações encontradas no transtorno bipolar, doença de Crohn, doenças cardíacas, diabetes tipo 1 e tipo 2, artrite reumatoide e pressão alta.

Em setembro, cientistas publicaram os resultados do "Encode Project", que sequenciou as partes do genoma humano que estão fora dos 2% de genes que codificam proteínas. Essas regiões eram antes consideradas como "DNA-lixo". O foco da pesquisa de genes, na maior parte das vezes, é olhar os erros nos próprios genes. Os resultados combinados do "Encode", do "Projeto dos 1.000 Genomas" e de outros estudos, no entanto, ajudarão a guiar a busca por problemas que residem em outras partes do nosso DNA.

A próxima fase do "Projeto dos 1.000 Genomas" será finalizada quando os cientistas sequenciarem o DNA de mais 1.500 pessoas. "A solução, com 2.500 [genomas], não é aprofundar-se nas regiões existentes, mas aumentar as partes do mundo em que podemos atingir esse nível de cobertura" disse McVean.

"No momento, falta incluir algumas regiões. Nas informações que temos até agora, não há nada do subcontinente indiano e isso é algo que precisamos consertar. Muitas das amostras da próxima fase são de lá. Também precisamos recolher mais amostras da África, região que vamos cobrir".

"É incrível que fomos do primeiro sequenciamento de um genoma em 2003 até poder sequenciar mais de mil genomas humanos para um só estudo em 2012. Esse estudo é uma importante contribuição para nosso entendimento da variação genética na saúde e nas doenças. As sequências de DNA estão disponíveis para análise e uso dos pesquisadores" disse Sir Mark Walport, diretor do "Wellcome Trust", que fundou parte do estudo.

 

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