Descrição de chapéu The New York Times

Cientista que diz ter editado genes de bebês é demitido de universidade

Jiankui He deve ser acusado criminalmente; ele teria driblado a supervisão institucional

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Shenzen (China), Hong Kong e Pequim | Reuters e The New York Times

O cientista chinês He Jiankui, que disse ter criado os primeiros bebês geneticamente modificados, foi demitido pela Universidade de Ciência e Tecnologia do Sul da China, em Shenzhen, onde desenvolvia suas pesquisas.

Em nota, a universidade afirma que encerrou qualquer atividade de pesquisa e ensino do cientista.

O cientista e seus colaboradores provavelmente enfrentarão acusações criminais. Uma investigação de autoridades chinesas descobriu que He e sua equipe de fato editaram os genes de embriões humanos e implantram os embriões em mulheres voluntárias, como ele afirmou no ano passado. Uma voluntária deu à luz meninas gêmeas em novembro e outra está grávida, segundo a Xinhua, a agência de notícias estatal chinesa.

Em diversos países ocidentais, esse ensaio clínico seria proibido, mas a China tem regulamentos menos rígidos em tais pesquisa. Não ficou claro de imediato quais leis He foi acusado de violar.

Ainda assim, alguns críticos perguntaram como He poderia ter perpetrado esse esquema sem algum conhecimento das autoridades. Especula-se que o governo de Shenzhen financiou seu trabalho. Autoridades locais negaram isso.

O caso serviu como um aviso de que a China precisa promulgar leis duras sobre a edição de genes, afirmou Wang Yue, da Universidade de Pequim que pesquisa leis de saúde na China.

"Embora o Ministério da Saúde tenha emitido normas éticas, a responsabilidade legal não é clara e as penalidades são muito leves", disse ele.

He disse ter recrutado casais em que homem tivesse HIV, causador da Aids. Ele então usou fertilização in vitro para criar embriões humanos geneticamente alterados e resistentes ao vírus. No entanto, existem maneiras mais simples de prevenir o HIV e que não envolvam tantos riscos.

Hua Bai, chefe do Baihualin, um grupo de apoio a pacientes com Aids que ajudou He a recrutar os casais, disse que agora se arrepende e está profundamente preocupado com as famílias. Em um comunicado publicado na plataforma de mídia social WeChat, Bai, que usa um pseudônimo, disse que se sentiu "enganado".

Um homem infectado com HIV que a equipe de He tentou recrutar disse que não foi informado sobre as preocupações éticas com a edição de embriões humanos, segundo a Sanlian Life Weekly, uma revista de notícias chinesa.

He anunciou em novembro de 2018 que, a partir da técnica de edição chamada Crispr-Cas9, havia alterado os genes embrionários de duas meninas que teriam nascido naquele mesmo mês. A partir do anúncio, o cientista chinês foi alvo de inúmeras críticas sobre ética e segurança no campo científico.

As autoridades chinesas, pouco tempo depois, proibiram as experiências do cientista envolvendo edição de genes humanos. O cientista havia levantado fundos por conta própria e organizou uma equipe com a qual conduziu as experiências. 


He não foi localizado para comentar a decisão da universidade. Mas, em novembro, o pesquisador defendeu suas ações em um conferência em Hong Kong. À época, ele afirmou estar orgulhoso do que tinha feito e disse que a edição protegeria as garotas de infecções por HIV.

Recentemente, cientista chinês foi detido em uma pequena hospedaria universitária a cidade de Shenzhen, no sul do país, onde permaneceu sob guarda de homens não identificados.

No início do ano, o cientista foi avistado pela primeira vez desde que participou da conferência em novembro. He, tem cerca de 30 anos de idade, estudou na Universidade Rice, em Houston, onde trabalhou pela primeira vez com Crispr, e fez pós-doutorado na Universidade de Stanford.

Christian Shepherd , Sue-Lin Wong , Kate Kelland , Austin Ramzy e Sui-Lee Wee
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