Pterossauro e outros 45 fósseis roubados do Brasil devem voltar para casa

Peças estão na França e têm valor estimado em R$ 2,5 milhões

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São Paulo

Quarenta e seis fósseis levados ilegalmente do Brasil devem voltar para casa em breve. As peças, entre elas o esqueleto quase inteiro de um pterossauro, têm valor estimado em cerca de R$ 2,5 milhões e hoje vivem na França. 

O pedido de repatriação partiu do MPF (Ministério Público Federal) com base em uma denúncia feita por Taissa Rodrigues, pesquisadora da Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo). 

A paleontóloga se deparou com um leilão no site americano eBay do pterossauro que provavelmente será repatriado —a peça aguarda um julgamento de recurso— e formalizou uma denúncia ao MPF. Após investigações, o órgão descobriu a existência de outros 45 fósseis de tartarugas marinhas, aracnídeos, peixes, répteis, insetos e plantas de milhões de anos.

Existem muitas lojas que vendem fósseis nos EUA e na Europa. É uma venda razoavelmente comum”, diz Rodrigues. Segundo a Constituição brasileira, fósseis são bens do patrimônio cultural pertencentes à União.

O fóssil do pterossauro de quase quatro metros de envergadura, originário da chapada do Araripe (interior do Ceará) inha sido levado do país entre 1980 e 1990 e estava em leilão por US$ 250 mil (mais de R$ 900 mil).

O Anhanguera é um dos principais gêneros do réptil voador encontrados no Brasil. O país tem destaque nas pesquisas sobre os pterossauros pela preservação observada nos fósseis brasileiros, segundo informações do Museu Nacional, no Rio de Janeiro. A identificação do pterossauro foi possível graças a análises de cientistas da Fundação Urca e da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco).

Rodrigues afirma que a repatriação de fósseis costuma ser difícil e que o caso em questão é excepcional. 

Inicialmente, a empresa que estava com o pterossauro apresentou à justiça francesa um documento que supostamente comprovaria a legalidade da posse do fóssil, mas provas reunidas pelo MPF mostraram que a documentação era falsa.

As autoridades francesas, então, foram à empresa para uma ação de busca e apreensão do pterossauro. "Em um container que estaria transportando quartzo encontraram centenas de fósseis do mundo todo", afirma à Folha Rafael Rayol, procurador responsável pela investigação.

Segundo o procurador, para o retorno ao Brasil ainda restam resolver problemas logísticos de transporte e seguro. Quando chegarem ao Brasil, as peças recuperadas passarão a fazer parte do acervo do Museu de Paleontologia da Universidade Regional do Cariri.

Quem se deparar com um fóssil brasileiro à venda pode fazer uma denúncia ao MPF, à Polícia Federal ou ao Departamento Nacional de Produção Mineral, diz Rayol.

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