Após dois anos sem funcionar, o módulo Criosfera 1, primeiro laboratório científico brasileiro localizado no interior da Antártida, foi reaberto neste mês.
Inaugurado em 2012, essa plataforma de pesquisas investiga mudanças da atmosfera, do clima e do gelo da Terra. Isso permite, por exemplo, estudos sobre frentes frias que afetam a produção agrícola.
O módulo, laboratório latino-americano mais ao sul do planeta, é autossustentável, utiliza o sol e o vento para suprir toda a energia necessária para o funcionamento dos equipamentos de pesquisa.
Porém, precisa de manutenção anual. Em 2018, os pesquisadores não puderam fazer os serviços por falta de recursos financeiros. O módulo fica a 2.500 km ao sul da estação antártica brasileira Comandante Ferraz, que será reinaugurada em janeiro.
O trabalho de manutenção e calibração dos aparelhos foi feito por pesquisadores da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) graças a uma parceria com a Marinha do Brasil, por meio do Ministério da Defesa.
Segundo o pesquisador Jefferson Cardia Simões, do Centro Polar e Climático da UFRGS, durante esse período não foi feita a coleta de amostras da atmosfera, por exemplo. "Felizmente, a maioria dos equipamentos ainda estava funcionando, mas todos iriam parar agora em janeiro."
Foram colocadas novas baterias, manutenção do sistema elétrico e atualização de equipamentos que coletam automaticamente dados, como uma estação meteorológica e os medidores de raios cósmicos e o de dióxido de carbono —que mandam informações em tempo real para o Brasil.
A novidade foi a instalação de um novo equipamento para medir o black carbon (carvão negro), um dos piores poluentes atmosféricos, subproduto da queima de hidrocarbonetos (óleo e carvão) e de biomassa (queimadas). Esses dados ajudam na investigação de sinais de poluição global gerados pela atividade industrial e de mineração.
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