Sparta e Boris são dois filhotinhos, com algumas dezenas de milhares de anos, dos extintos leões-das-cavernas (Panthera spelaea). Os animais da Era do Gelo foram encontrados por pesquisadores na Sibéria, Rússia, e estão extremamente bem preservados.
Os bichanos tinham entre 1 e 2 meses de idade, segundo estudo publicado na quarta-feira (4) na revista Quaternary. Hoje a fêmea Sparta tem mais de 27 mil anos e o macho Boris mais de 43 mil anos, segundo análises dos pesquisadores.
Boris foi encontrado em 2017 no rio Semyuelyakh, por Boris Berezhnev, residente da região e um colecionador autorizado de presas de mamute —objeto que estava sendo buscado pelo homem quando encontrou o leãozinho.
Já em 2018, a apenas 15 metros do local onde Boris havia sido achado, Sparta foi encontrada. Nas redes sociais, o Centro de Paleogenética, ao qual um dos autores da pesquisa é associado, afirmou que a Sparta é possivelmente o mais bem preservado animal da Era do Gelo já encontrado. A mumiazinha tem até a pelagem e o rabo conservados. A cauda da filhote tem, em sua ponta, uma coloração mais escura, tendo quase uma aparência de pincel.
Os autores apontam que Sparta estava deitada do lado direito com o crânio levemente deformado, os olhos fechados e a boca aberta.
Boris também estava com o crânio um pouco deformado e virado para a direita. Os membros do animal estavam esticados e, segundo os pesquisadores, parecem ter sido congelados em movimento, "o que pode sugerir que o filhote Boris estava tentando se libertar ou encontrar o caminho para a superfície".
"Talvez os filhotes tenham sido enterrados após um deslizamento de terra e seus corpos tenham sido deformados pela massa da terra e pelo permafrost, congelando rapidamente para se tornarem múmias", afirmam os autores.
Leões da caverna podem ser vistos nas pinturas, de mais de 30 mil anos, na caverna de Chauvet, na França. O cineasta Werner Herzog filmou o interior da caverna, trabalho que resultou na obra "A Caverna dos Sonhos Esquecidos".
"A descoberta de filhotes de leão-das-cavernas congelados oferece uma oportunidade interessante para pesquisas sobre o corpo de leões adaptados a climas frios", afirmam os autores. "Isso adiciona dados de reconstituição física valiosos ao que é conhecido atualmente com base na arte Paleolítica de cavernas francesas."
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