Coreia do Sul tenta entrar na corrida espacial, mas missão com foguete nacional fracassa

Presidente sul-coreano afirmou que o país fará outra tentativa em maio

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AFP

A Coreia do Sul lançou, nesta quinta-feira (21), o primeiro foguete de fabricação nacional, mas fracassou no objetivo de colocar em órbita uma carga de 1,5 tonelada, um revés para as aspirações do país de avançar na corrida espacial.

O Veículo Coreano de Lançamento Espacial II, batizado de Nuri, decolou da base de Goheung, o que provocou muitos aplausos no centro de controle.

As três etapas de lançamento funcionaram corretamente, elevando o foguete a 700 quilômetros de altura. Também se separou com sucesso a carga útil de 1,5 tonelada, afirmou o presidente sul-coreano, Moon Jae-in.

Imagem mostra foguete sendo lançado. Ao fundo, há uma fumaça branca
Foguete KSLV-II NURI é lançado de plataforma no Centro Espacial Naro em Goheung, na Coreia do Sul - Reuters

"Mas colocar a simulação de satélite em órbita continua sendo uma missão inacabada", disse.

"Embora não tenhamos conseguido cumprir todos os objetivos perfeitamente, alcançamos feitos muito bons com nosso primeiro lançamento", destacou.

O presidente afirmou que o país fará outra tentativa em maio. "Os países que lideram a tecnologia espacial vão liderar o futuro. Não é muito tarde para que o façamos", afirmou, em tom otimista.

O país é a 12ª maior economia do mundo e registra avanços tecnológicos notáveis, como sede da Samsung Electronics, maior fabricante mundial de smartphones e chips.

Porém, a Coreia do Sul sempre ficou para trás no setor de voos espaciais, iniciado em 1957 pela então União Soviética e seguido pouco depois pelos Estados Unidos.

Na Ásia, os países com programas espaciais avançados são China, Japão e Índia, enquanto a Coreia do Norte foi o último a entrar para o clube de nações com capacidade de lançar os próprios satélites.

Os mísseis balísticos e os foguetes espaciais utilizam tecnologias similares e Pyongyang colocou um satélite de 300 kg em órbita em 2012, o que países ocidentais condenaram como um teste de míssil disfarçado.

Até o momento, seis países, sem incluir a Coreia do Norte, conseguiram lançar cargas de uma tonelada com os próprios foguetes.

O foguete de três etapas foi desenvolvido ao longo de uma década com um custo de 2 trilhões de wons (1,6 bilhão de dólares). Pesa 200 toneladas, mede 47,2 metros de comprimento e tem seis motores de combustível líquido.

A lua na mira

As duas primeiras tentativas sul-coreanas de lançamentos espaciais fracassaram em 2009 e 2010, utilizando em parte tecnologia russa. A segunda, de fato, explodiu com dois minutos de voo e provocou uma troca de acusações entre Seul e Moscou.

O país finalmente teve sucesso com um lançamento em 2013, mas dependeu de um motor desenvolvido pela Rússia em sua primeira etapa.

Apesar da presença cada vez maior de empresas privadas no lançamento de satélites, analistas consideram que o sucesso do Nuri teria representado um grande potencial para a Coreia do Sul.

"Os foguetes são a única forma possível para que a humanidade chegue ao espaço", disse Lee Sang-ryul, diretor do Instituto Coreano de Pesquisa Aeroespacial.

"Ter esta tecnologia significa que conseguimos cumprir o requisito básico para entrar na corrida da exploração espacial", completou.

O lançamento desta quinta-feira foi um passo a mais no ambicioso programa espacial sul-coreano. Em uma inspeção ao foguete Nuri em março, o presidente Moon Jae-in disse que o país tentará no próximo ano enviar uma sonda à órbita lunar.

"Até 2030 vamos alcançar o objetivo de fazer nossa sonda pousar na Lua", prometeu na ocasião.

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