Rochas trazidas por missão espacial chinesa revelam segredos da história da Lua

Estudos divulgados nesta terça indicam que o satélite teve atividade vulcânica por mais tempo do que se pensava

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Pequim | AFP

As primeiras rochas lunares trazidas à Terra em décadas mostraram que o satélite terrestre teve atividade vulcânica até menos tempo do que se pensava, anunciaram nesta terça-feira (19) os cientistas chineses que as analisaram.

No ano passado, uma missão espacial chinesa trouxe à Terra rochas e solo da Lua, algo que não acontecia há quatro décadas e que representou uma grande conquista para o programa espacial chinês.

Homem fala e, ao fundo, imagem de rochas.
Li Xianhua, acadêmico da Academia de Ciências da China (CAS) e pesquisador do Instituto de Geologia e Geofísica, fala sobre análise das rochas lunares trazidas por missão chinesa. - Noel Celis/AFP

Na análise desse material, os cientistas encontraram basalto, uma forma de lava resfriada, de 2.030 milhões de anos, o que aproxima a última atividade vulcânica conhecida na Lua para perto de 900 milhões de anos.

A análise das amostras "revela que o interior da Lua ainda evoluía cerca de 2 bilhões de anos atrás", disse a Academia Chinesa de Ciências em um comunicado.

As rochas lunares obtidas anteriormente por missões americanas e soviéticas mostravam que o satélite da Terra estava ativo até 2,8-2,9 bilhões de anos atrás.
Círculo dourado com algumas pedrinhas cor de cinza no meio, protegidas por um vidro. Uma luz forte ilumina o objeto
Amostra de solo lunar em exposição organizada na China em setembro de 2021 para exibir fragmentos trazidos pela missão espacial do país - Liu Dawei - 26.set.2021/Xinhua

No entanto, essas amostras procediam de partes mais antigas da superfície lunar, deixando a comunidade científica sem informações sobre uma parte significativa da história mais recente do satélite.

A missão Chang'e 5, batizada assim em homenagem à deusa da Lua chinesa, coletou dois quilos de amostras de uma parte até então inexplorada da Lua, o vulcão Mons Rumker, na vasta área chamada Oceano das Tempestades ("Oceanus Procellarum").

Os cientistas selecionaram essa área porque pensavam que ela poderia ter se formado mais recentemente devido à baixa densidade das crateras de meteoros em sua superfície.

"Esses resultados são extremamente emocionantes, porque fornecem conhecimentos incríveis para entender a formação da Lua e sua evolução ao longo do tempo", afirmou Audrey Bouvier, professora de planetologia da Universidade de Bayreuth (Alemanha), em uma mensagem de vídeo apresentada em coletiva de imprensa nesta terça em Pequim.

As últimas descobertas, publicadas em três artigos na revista Nature nesta terça-feira, levantam novas questões para os cientistas que tentam decifrar a história do satélite.

"Como a Lua manteve a atividade vulcânica por tanto tempo? A Lua é pequena e deveria dispersar calor rapidamente. Pelo menos, era isso que pensávamos", disse o pesquisador da Academia Chinesa de Ciências Li Xianhua, um dos autores, a repórteres sobre os estudos.

Local de pouso da Chang’e-5, em Oceanus Procellarum, no lado próximo da Lua
Local de pouso da Chang’e-5, em Oceanus Procellarum, no lado próximo da Lua - CNSA

As amostras da missão Chang'e 5 foram um grande passo para o programa espacial chinês, que enviou um robô para Marte e outro para o lado oculto da Lua.

O país, na corrida para alcançar os Estados Unidos e a Rússia, enviou três astronautas no último sábado (16) para continuar construindo sua nova estação espacial, que deve entrar em operação em 2022.
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