Elon Musk é acusado pela China de quase causar acidente grave no espaço

Dois satélites do bilionário quase colidiram com a estação espacial de Pequim, segundo o governo

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Pequim | AFP

A China acusou nesta terça-feira (28) os Estados Unidos de "ameaça grave" para a segurança de seus astronautas, ao afirmar que dois satélites do bilionário Elon Musk quase colidiram com a estação espacial de Pequim.

A estação espacial chinesa Tiangong teve que executar "controles preventivos para evitar colisões" durante dois "encontros próximos" com os satélites Starlink da SpaceX em julho e outubro, de acordo com um documento enviado por Pequim este mês à agência espacial da ONU.

Estudantes assistem a astronautas na estação espacial chinesa Tiangong - AFP - 9.dec.2021

Nas duas ocasiões, os satélites entraram em órbitas que obrigaram os operadores da estação espacial a mudar de curso, afirma o documento.

A SpaceX, com sede na Califórnia, não respondeu aos pedidos de comentário até o momento.

Nas redes sociais, os chineses criticaram Musk e suas empresas pelos incidentes. Uma proposta de boicote recebeu 87 milhões de visualizações até a manhã de terça-feira.

Os carros elétricos da Tesla, empresa de Musk, no entanto, têm grande aceitação na China.

"Que ironia que os chineses comprem [carros da] Tesla, pagando grandes somas de dinheiro para que Musk pudesse lançar o Starlink e depois [quase] colidir com a estação espacial da China", comentou uma pessoa.

"Preparem-se para boicotar a Tesla", escreveu outro, em uma resposta padrão na China para marcas estrangeiras consideradas contrárias aos interesses nacionais de Pequim.

Alguns especularam que Washington teria anunciado sanções caso os papéis fossem invertidos no incidente.

De acordo com a China, que evitou atacar Musk, o governo dos Estados Unidos não cumpriu com suas "obrigações internacionais" no espaço.

"Isto constitui uma ameaça grave para a vida e a segurança dos astronautas chineses", afirmou o porta-voz da diplomacia do país, Zhao Lijian.

No documento enviado à ONU, a China afirma, em referência ao incidente de outubro, que a "estratégia de manobra não era conhecida e os erros orbitais são difíceis de avaliar". Também destacou que atuou para "garantir a segurança e vidas dos astronautas".

Em entrevista aos jornalistas, o porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Ned Price, se negou a responder concretamente às acusações chinesas.

"Incentivamos que todos os países com um programa espacial sejam atores responsáveis, que evitem atos que possam colocar em risco astronautas, cosmonautas e outras pessoas que estejam orbitando a Terra", afirmou.

Tiangong, que significa "palácio celestial", é a mais recente conquista no esforço da China para virar uma potência espacial, depois de pousar um robô em Marte e enviar sondas à Lua.

O módulo central da estação entrou em órbita há alguns meses e deve estar plenamente operacional em 2022. Duas tripulações de três astronautas cada se sucederam a bordo desde junho.

As manobras evasivas se tornam mais frequentes à medida que mais objetos saturam a órbita próxima à Terra e forçam ajustes de trajetória para evitar acidentes, disse Jonathan McDowell, do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian.

"Realmente notamos um aumento no número de passagens próximas desde que o Starlink começou a ser enviado", afirmou à AFP. Ele acrescentou que uma colisão "destruiria completamente" a estação espacial e mataria todos que estão a bordo.

Musk é admirado na China, mas a reputação da Tesla, que vende dezenas de milhares de carros por mês no país, caiu após uma série de acidentes, escândalos e preocupações com o armazenamento de dados.

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