Descrição de chapéu América Latina

Tumba de cirurgião pré-colombiano de mil anos é encontrada no Peru

Personagem pertencia ao período médio da cultura Sicán, que se desenvolveu entre os anos 900 e 1.050 depois de Cristo

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Carlos Mandujano | AFP
São Paulo

A tumba de um cirurgião da cultura pré-colombiana Sicán, cuja idade é estimada em entre 900 e 1.050 anos, foi descoberta por um grupo de arqueólogos em um templo cerimonial no norte do Peru, informaram nesta quarta-feira (23) os pesquisadores.

"Conseguimos encontrar a tumba de um personagem que exercia a função de cirurgião na cultura Sicán, de mais de 1.000 anos de antiguidade", disse à AFP o arqueólogo peruano Carlos Elera.

Fotografia distribuída pelo Museu Nacional de Sican, no Peru, do material encontrado em uma tumba que seria de um cirurgião - AFP

A descoberta foi feita no fim de 2021 no templo mausoléu Las Ventanas, no Santuário Histórico Bosque de Pómac, na região de Lambayeque, cerca de 800 km ao norte de Lima.

O personagem estava com uma "máscara de ouro" e exercia a função de cirurgião. Pertencia ao período médio da cultura Sicán, que se desenvolveu entre os anos 900 e 1.050 depois de Cristo, segundo os arqueólogos.

"O personagem era um especialista em trepanação craniana e seus instrumentos cirúrgicos estavam orientados a tudo que envolvia procedimentos no crânio humano", assinalou Elera, que dirige o Museu Nacional Sicán.

No Peru de tempos antigos, a trepanação craniana era uma prática comum, um procedimento cirúrgico para eliminar hematomas ou retirar partes de ossos fraturados da cabeça, provavelmente durante enfrentamentos e guerras.

Instrumentos cirúrgicos e máscara dourada

A tumba continha uma máscara de ouro com olhos emplumados, um grande peitoral de bronze e outros objetos que revelam o status do antigo personagem, que foi enterrado em posição de flor de lótus, sentado com as pernas cruzadas.

"No norte do Peru, não é comum encontrar este tipo de personagem", destacou o especialista.

Na sepultura também foram encontrados instrumentos cirúrgicos como tumis —uma faca em forma da letra "T" típica das civilizações incaicas— e outros objetos cortantes com fio em formato de meia-lua (feitos de uma mistura de oro e prata), dezenas de facas com cabos de madeira, furadores e agulhas. Além disso, havia casca de uma árvore desconhecida que seria uma das espécies vegetais usadas como analgésico ou para infusões.

"Estamos comparando os instrumentos de um cirurgião moderno com estes objetos, para ver quais são suas similitudes", comentou o arqueólogo.

Elera indicou que a descoberta corresponde às pesquisas arqueológicas iniciadas entre os anos de 2010 e 2011 na necrópole sul da Huaca (templo) Las Ventanas.

Os trabalhos foram retomados em novembro do ano passado, mas tiveram que ser concluídos em janeiro por causa das chuvas na região.

Elera destacou que as descobertas têm semelhanças com as práticas da cultura Paracas, na costa sul do Peru (entre 700 a.C. e 200 d.C.), famosa pelas trepanações.

A chamada cultura Sicán —que surgiu em torno dos anos 700 e 750 d.C. e esteve presente até o ano de 1375— cultuava o Senhor de Sicán, o personagem religioso mais venerado do norte do Peru.

Nesse período, existiram cerca de sete ou oito "Senhores de Sicán", que representavam na terra o poder celestial, que descreviam fisicamente com uma máscara com olhos e orelhas em formato de asas.

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