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16/10/2010 - 13h28

Com higiene precária, navios não eram para narizes delicados

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RICARDO MIOTO
DE SÃO PAULO

Se a saúde das pessoas em terra já era ruim, nos navios dos séculos 16 e 17 ela era ainda mais assustadora.

Esse era um dos motivos do isolamento do Brasil durante o período colonial: atravessar o Atlântico era uma aventura que poucos tinham coragem de encarar.

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Por um lado, ao menos os excrementos humanos eram atirados ao mar e não na rua. Mas tanto a água quanto a comida, guardadas por meses em porões úmidos e sujos, eram invariavelmente ruins e contaminadas.

Além disso, a higiene a bordo era precária. "Não por acaso, dizia-se que as viagens marítimas não eram para donos de narizes delicados", afirma Cristina Gurgel.

Não existia estrutura para que os viajantes tomassem banho -e não se sabe se eles estavam muito preocupados com isso, de qualquer forma. O padrão era usar a mesma roupa durante todo o percurso, que durava meses.

"Quando possível, todos se perfumavam e incensavam o ambiente, na tentativa de controlar o mau cheiro emanado dos corpos e da sujeira", diz Gurgel.
Surgiam, assim, pragas de piolhos, percevejos e pulgas. Pratos, copos e talheres não eram lavados. Doenças como varíola, difteria, escarlatina e tuberculose se propagavam sem controle.

Não bastassem os problemas de saúde que se espalhavam pelos navios, com frequência a comida acabava.

E, mesmo antes disso acontecer, ela era bastante regulada: a ração diária de alimentos secos de um tripulante em uma expedição como as de Vasco da Gama ou de Cabral era de meros 400 gramas ao dia.

Em casos extremos, até os ratos que infestavam as embarcações viravam comida.

"A gente tem uma visão bastante romanceada das navegações. Pensamos "que lindo, que heróis, que viagem ao desconhecido!" Não era bem assim", diz Gurgel.

"Morria tanta gente que surgiram até as lendas dos navios fantasmas, em que tanta gente foi morrendo que não sobrou ninguém."

Mesmo em viagens que tiveram sucesso, muita gente morreu. Na de Vasco da Gama às Índias, morreram 120 de um total de 160 marujos, por exemplo.
Gurgel ressalta, porém, que isso não era exclusividade dos portugueses. Navios britânicos ou holandeses, por exemplo, tinham situação parecida.

 

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