Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
25/12/2010 - 20h08

Perda de habitat deixa anfíbios mais vulneráveis a doenças

Publicidade

REINALDO JOSÉ LOPES
EDITOR DE CIÊNCIA

O aquecimento global, em especial em sua faceta elevadora do nível do mar, também seria um problema para outra espécie descoberta pelo biólogo da Unesp e seus colegas. Isso se não fosse pelo fato de que só a perda de habitat já a deixou com a corda no pescoço antes de os oceanos avançarem.

Cientistas encontram novas espécies de anfíbios em áreas degradadas

Trata-se do Aparasphenodon arapapa, da Bahia, bicho de uns 6 cm típico de restingas árboreas. A vegetação, formada por bromélias e palmeiras que crescem em terreno arenoso, é a vítima número um da especulação imobiliária praiana em várias partes do país.

"As restingas, ou o que sobrou delas, necessitam de melhor amostragem. Estão muito degradadas, mas são ricas em diversidade e apresentam várias espécies endêmicas.

Recentemente foi descoberta uma espécie nova da família Bufonidae, a dos sapos, de uma restinga no Espírito Santo, que parece não pertencer a nenhum gênero conhecido", diz Haddad.

A associação da nova espécie com bromélias é típica de outros bichos do gênero, a julgar por sua anatomia. "Espécies de Aparasphenodon são conhecidas por usarem um escudo ósseo rijo que possuem na parte superior da cabeça para fechar a entrada de tocas, que geralmente são os miolos de bromélias. A maioria dos predadores tem dificuldade em acessar as partes moles e vulneráveis do corpo do anfíbio, que fica protegido", explica.

Outras áreas muito degradadas da grande região da mata atlântica, como a floresta de araucárias dos Estados da região Sul, também têm revelado novas espécies.

Os pesquisadores usam uma combinação de dados da morfologia dos bichos, de diferenças em seus cantos (cruciais para o acasalamento e, por isso, diferentes de espécie para espécie) e até de seu DNA para concluir que um animal coletado é de um tipo antes desconhecido.

Em alguns casos, descobre-se que exemplares coletados há décadas e estocados em museus são, na verdade, de espécies diferentes.

"Essas espécies possuem princípios bioativos na pele, que não foram bem estudados e que poderão ter aplicação no desenvolvimento de fármacos", diz o biólogo.

"Assim, na perda dessa biodiversidade, poderemos estar perdendo também uma série de medicamentos para doenças hoje incuráveis", conclui.

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página