Alexandra Forbes

Jornalista, escreve sobre gastronomia e vinhos há mais de 20 anos. É cofundadora do projeto social Refettorio Gastromotiva e autora de livros de receitas.

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Alexandra Forbes

Restaurante Noma: vale a pena pagar caro para ir?

A casa, que está está entre as mais premiadas do mundo, reabriu transformada em novo endereço

Gastei uma nota preta para ir a Copenhague em julho —eita cidade cara! Investi porque sonhava em jantar no novo Noma.

O restaurante do chef René Redzepi, que reabriu em fevereiro em novo endereço e completamente transformado, está entre os mais premiados e influentes do mundo.

Do lado esquerdo, duas panelas grandes e do lado direito, mais abaixo, alguns potes transparentes com comida. Nessa cozinha, o chef René Redzepi, fala, usando um avental
René Redzepi, chef e proprietário do restaurante Noma, em Copenhague, Dinamarca - Fabian Bimmer/Reuters

As pessoas se estapeiam, quase, na briga por uma mesa. Uma reserva chega a ser um troféu para alguns.

Desde que jantei lá, muita gente já me perguntou se valeu a pena e se o Noma é tudo aquilo que dizem.  Difícil responder…

Eu mesma me pergunto isso, não só ao jantar no Noma, mas toda vez que pago caro para provar um menu-degustação.

Estaria mentindo se dissesse que todos os pratos estavam deliciosos. Muitos estavam —mas desgostei de pelo menos cinco dos 22 servidos. 

A flor frita servida com um molho grosso à base de gema e uísque era de matar de boa. O ovo de codorna defumado coberto com um falso chorizo feito de ameixa?

Poderia ter comido uma dúzia feliz da vida. Um certo molho de trufa que chegou à mesa em uma jarrinha, devorei como se tivesse passado dias de jejum.

Mas, no meio daquelas delícias, havia estranhezas como uns envelopinhos de pele de leite e aspargos servidos com várias espécies de pinhão que tinham gosto de pinheiro, como era de se esperar.

O serviço era simpático, mas velocíssimo. Mesmo estando lá sozinha, mal dava conta de ouvir tantas longas explicações e tentar compreender tantos pratinhos servidos em rápida sucessão.

Fiquei três horas à mesa, mas o tempo passou voando!

Ri sozinha observando o espanto dos clientes ao meu redor quando chegavam pratos surpreendentes.

Emocionei-me em momentos de êxtase gastronômico —o shawarma vegetariano, por exemplo, era divino.

Adorei a linda vista para uma lagoa com margens verdejantes que tinha, ao fundo, uma planta de processamento de lixo (também linda e com pista de esqui na cobertura!). 

Diverti-me no lounge, onde o restaurante serve café e a saideira. Senti a energia do entusiasmo febril de todos os funcionários.

Até me comovi com a acolhida mais que calorosa. Nadine, a mulher de Redzepi, recebe os clientes na entrada do vasto jardim e caminha com eles até o restaurante, onde a equipe inteira vai até a porta dar as boas-vindas em uníssono.

Por essas e outras, digo sem titubear: ir ao novo Noma valeu cada euro.

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