Alvaro Costa e Silva

Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

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Alvaro Costa e Silva

Falar mal dos campeonatos estaduais virou um esporte com mais adeptos do que o próprio futebol. O Carioca, um dia considerado o mais charmoso do Brasil, é o campeão de reclamações. A começar pelo regulamento esdrúxulo, tão difícil de entender como um voto da ministra Rosa Weber.

Uma criança sabe a fórmula ideal. Oito clubes, dez no máximo. Os vencedores da Taça Guanabara e da Taça Rio se enfrentam pelo título. Este ano deu zebra: os times que fazem a final não ganharam o turno nem o returno. As médias de público foram as mais baixas da história (menos de 3.000 torcedores), e mesmo os clássicos, que atraíam 100 mil pessoas ao velho Maraca, estão esvaziados (30 mil é casa cheia). O novo Maracanã se transformou num mafuá para shows de jovens sertanejos e velhos roqueiros.

Não estranha que qualquer julgamento no STF atraia mais gente para acompanhá-lo nas tevês dos botecos de esquina. O do habeas corpus do ex-presidente Lula teve placar de decisão na cobrança de pênaltis: 6 a 5. Um espetáculo à altura da Grande Resenha Facit, com Nelson Rodrigues e João Saldanha analisando cada drible, digo, cada “data venia” dos excelsos ministros.

Como é praxe entre os cartolas, antes de a bola rolar valeu todo tipo de pressão. Generais, tanto os da ativa como os de pijama, tuitaram contra a impunidade. Um procurador jejuou e orou em torcida pelo país. Enquanto a turma do chororô lamentava a derrota do favorito às eleições, um juiz —que adora aparecer na foto de terno preto e gravata vermelha— mandou logo prender o homem. “Chupa!”, gritaram das janelas.

Neste domingo (8), Vasco e Botafogo decidem o Carioquinha. Um dos dois levantará o troféu, sem apelação. No caso de Lula, alguns comentaristas jurídicos dizem que ainda cabe tapetão. Ele não escapa da cadeia. Mas fica lá por pouco tempo. 

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