Esqueça aquela velha piada sem graça: os chineses nunca foram todos iguais. Ainda mais agora com a eficácia dos modernos sistemas de reconhecimento facial.
A história correu mundo: um cidadão chinês, suspeito de praticar crimes financeiros, foi identificado ao entregar o ingresso na entrada de um estádio. Ao sentar no lugar marcado, em meio a outros 60 mil espectadores, prenderam-no.
Na China há cerca de 170 milhões de câmeras, e mais 400 milhões serão instaladas nos próximos três anos. No planeta inteiro, a sensação de viver vigiado sem saber, mesmo dentro de sua própria casa, virou um pesadelo. Tenho um amigo paranoico que tem saudade daquele aviso: “Sorria. Você está sendo filmado”.
Em verdade, essa vigilância é facilitada. Continuemos na populosa China: as pessoas lá ficam ligadas em seus smartphones uma média de quase três horas por dia. Como em todo lugar, felicíssimas com a exposição de suas preferências, vontades, opiniões, preconceitos, segredos, egos inflamados.
Sua majestade o Facebook lucrou US$ 4,7 bilhões só nos três primeiros meses deste ano. Recentemente a empresa detalhou suas leis de conteúdo. A Folha destacou regra bizarra: uma pessoa que matou outra pode continuar postando, curtindo e fazendo textão; só será expulsa se matar uma segunda vez.
Estão proibidas as imagens de nádegas nuas, mesmo que seja a bunda de uma vênus calipígia. Seios à mostra em shows de rock, também. Notícias falsas e vazamento de informações privadas não fazem parte do édito real.
Enquanto isso, na vida como ela é, a prefeitura do Rio lança um edital para a compra de 12 drones, ao custo de R$ 600 mil cada. A finalidade será monitorar o trânsito, o crescimento das favelas e a segurança na cidade. Quem sabe assim Marcelo Crivella descubra, pelas imagens, que a zona oeste existe, e lá mandam os milicianos.
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