Lá dentro faz um calor terrível, mesmo no inverno. O estado de conservação é péssimo: bancos quebrados e com estofados rasgados, assoalho solto, janelas e para-brisas com vidros trincados, pneus carecas, falta de equipamento obrigatório (cinto de segurança e extintor de incêndio), elevadores para cadeirantes com defeito e aquela sujeira de sempre. A única novidade é que, nos dias de chuva, os passageiros têm sido obrigados a ficar com o guarda-chuva aberto no interior dos ônibus por causa das goteiras.
Nos pontos, não há iluminação nem mapas com indicação do número das linhas e informações sobre o trajeto. Mas isso talvez seja pedir demais em uma cidade onde existem linhas “mutantes”, que trocam de numeração e trajeto até no meio da viagem, deixando passageiros perdidos.
Ou onde a espera pela condução pode levar horas: as cerca de 370 linhas que servem ao Rio passaram a circular com menos veículos do que são obrigadas por contrato; outras desapareceram. As multas impostas pela prefeitura não são pagas. Boa parte das empresas deve impostos ao município. O maior empresário do setor, Jacob Barata Filho, esteve preso pela suspeita de envolvimento em um esquema de corrupção no qual políticos teriam recebido R$ 260 milhões. Por três vezes, o ministro Gilmar Mendes, do STF, mandou soltar Barata.
Nada disso impediu que Marcelo Crivella aumentasse a tarifa muito mais do que a inflação dos últimos 12 meses: de R$ 3,60 para R$ 3,95. Sorrindo (não se sabe de quê), o prefeito definiu como “sagrado” o novo cronograma de climatização total da frota. Promessa para 30 de setembro de 2020, quase quatro anos após o prazo anterior (dezembro de 2016).
Contestado pelo Ministério Público —que exige saber como foi calculado o aumento—, o reajuste que passaria a valer no domingo (17) foi suspenso pela Justiça. O carioca que depende dos ônibus continua perdido.
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