Alvaro Costa e Silva

Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

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As coisas boas da vida

Ainda se consegue ler notícias otimistas sobre o Rio

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Palmeiras-imperiais no Jardim Botânico do Rio de Janeiro
Palmeiras-imperiais no Jardim Botânico do Rio de Janeiro - Daniel Marenco - 27.jun.12/Folhapress

Rubem Braga, ao longo de 62 anos, foi um dos jornalistas brasileiros que mais colaboraram em jornal, revista e televisão, produzindo cerca de 15 mil crônicas, fora os textos não assinados. Mesmo assim, ele nunca se acostumou com o dogma da profissão segundo o qual “notícia ruim é a que interessa”. Daí sua preferência por falar de passarinhos, bacias de jabuticaba, mulheres lindas e elegantes, pescarias, as coisas boas da vida. Nessa dieta entravam até os cigarros Yolanda, terríveis mata-ratos.  

Nascido em Cachoeiro de Itapemirim (ES), mas carioca de adoção, não sei se o velho Braga teria hoje a coragem de folhear um jornal ou entrar na internet. Mas sempre se pode fisgar uma notícia aqui, outra lá, pontos luminosos em meio à escuridão.

O Jardim Botânico, por exemplo. Aos 210 anos recém-completados, aproxima-se da modernidade com maior cobertura de wi-fi e aplicativo de passeio interativo. Mas o bom mesmo é se perder lá dentro, sem pressa, entre as mais de 2.750 espécies plantadas, muitas das quais raríssimas. Dá para imaginar uma visita do fantasma de Rubem Braga, com o seu corpo de urso, o jeitão casmurro, o bigode em trapézio e as sobrancelhas hirsutas, flanando na avenida das palmeiras-imperiais.

O Braga também ia gosta de saber que o largo do Boticário vai sair do abandono. Para isso, precisou ser vendido para uma rede de hotéis, que pagou R$ 12 milhões e promete investir mais R$ 30 milhões na reforma. O uso comercial do conjunto de cinco imóveis —erguidos nas décadas de 1920 e 1930 em estilo neocolonial— foi autorizado pela Câmara Municipal desde que fossem mantidas as suas características arquitetônicas.

E o relógio da Central do Brasil — inaugurado em 1929, com quatro faces de dez metros de altura por dez de largura—, que estava parado há mais de um ano, voltou a funcionar. Vejamos se o Rio também começa a andar para frente de novo. 
 

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