Questionado em uma sabatina sobre um possível apoio ao adversário Fernando Haddad (PT) no segundo turno das eleições presidenciais, o candidato do PDT, Ciro Gomes, saiu-se com frase tirada do sótão: “Nem a pau, Juvenal”.
Quem terá sido esse Juvenal? Decerto que não Decimus Junius Juvenalis, autor das “Sátiras”, para quem os romanos necessitavam de pão e circo e os homens devem manter a mente sã e o corpo sadio. Tampouco o personagem de uma campanha publicitária que tenta induzir uma senhorinha a levar outra marca de presunto.
Puxando pela memória, só me lembro de ter conhecido pessoalmente um Juvenal, o grande jóquei de sobrenome Machado da Silva e apelido Nanau, cinco vezes campeão do GP Brasil. Mas tive notícia de outros: Juvenal Juvêncio, ex-presidente do São Paulo; Juvenal Terra, da saga “O Tempo e o Vento”, de Erico Verissimo; Juvenal Galeno, poeta cearense; a história de Juvenal e o dragão, clássico da literatura de cordel; Juvenal, zagueiro do Flamengo e Palmeiras e último dos titulares da seleção na Copa de 1950 a morrer.
O “nem a pau, Juvenal”, mais do que um bordão para minimizar o efeito das pesquisas —que colocam Ciro em terceiro lugar e se distanciando de Haddad—, é uma marca de estilo. Sempre que bebe a porção mágica e se transforma em Cirão da Massa, o presidenciável tem arroubos e destemperos, mostra maus bofes, solta a língua e por pouco não solta o braço. Não deixa de ser sincero. Não usa máscara para fazer promessas e acusações.
Aqui vai uma pequena lista de expressões idiomáticas do tempo do Onça que podem ajudar Ciro a chegar ao segundo turno ou abortar de vez a candidatura. Queimar navios. Tirar o cavalo da chuva. Lavar a égua. Favas contadas. Santo do pau oco. Inês é morta. Nem que a vaca tussa. Sossega leão. Engole ele, paletó. É da pontinha! Audácia da sirigaita. No seu, pardal.
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