Alvaro Costa e Silva

Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

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Alvaro Costa e Silva
Descrição de chapéu Rio de Janeiro

Praça Mauá, 7

Edifício A Noite: condenado a viver no passado

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Quando o edifício A Noite foi inaugurado, em 1929, seus 22 pavimentos em concreto armado serviram para alimentar mais uma disputa besta entre cariocas e paulistas. O prédio, desenhado pelo arquiteto francês Joseph Gire e calculado pelo engenheiro Emílio Baumgart, seria o primeiro arranha-céu da América Latina, precedendo o Martinelli, ainda em construção no centro de São Paulo.  

O certo é que o edifício, com seus 102 metros em estilo art déco, foi um marco no processo de verticalização do Rio, uma montanha de cimento no início da avenida Rio Branco. Hoje, ao lado de vizinhos mais altos, nem impressiona tanto. O que resiste é a memória de uma cidade que passou. 

A sede do jornal A Noite traduziu a ambição do empresário Geraldo Rocha. Antes mesmo da inauguração, em dificuldades financeiras, ele transferiu o patrimônio para a Companhia Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande, um dos tentáculos do “tycoon” Percival Farquhar. Instalaram-se ali representações diplomáticas, adidos comerciais, redações de revistas, agências de notícia e de propaganda. Um endereço sofisticado, mas cuja vizinhança era perigosa: o contrabandista Zica, o Barão do Cais, comandava seus negócios numa sala do nono andar. 

O que tornou famoso o número sete da praça Mauá foi a Rádio Nacional, que chegou a ocupar cinco andares do edifício na década de 1940. No 22º ficava o auditório, onde se reuniam as fãs enlouquecidas de Marlene ou Emilinha Borba. Quem não conseguia chegar até lá se aglutinava no saguão e na calçada defronte, à espera do carro que trazia o rapaz muito magro e que era praticamente arrancado do banco traseiro: Orlando Silva.

Nos anos 1970, já decadente, foi tomado por repartições do governo e escritórios de despachantes. Com o projeto da nova praça Mauá, esperava-se que A Noite pudesse renascer. Que nada: seu destino será abrigar varas de Justiça. 

Edifício A Noite, no Rio
Edifício A Noite, no Rio - Daniel Marenco - 25.out.12/Folhapress

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