Com a Liga Independente das Escolas de Samba, não vale o escrito. Na semana passada, uma reunião plenária decidiu promover mais uma virada de mesa, a terceira consecutiva. A Imperatriz Leopoldinense salvou-se do rebaixamento —em 2017 e 2018 escaparam da degola, respectivamente, Paraíso do Tuiuti e Grande Rio. Menos poderoso, o Império Serrano teve de se contentar com o segundo grupo.
Rasgar de novo o regulamento provocou uma crise. O presidente da Liesa, Jorge Castanheira, pediu o boné. O Ministério Público exige o pagamento de uma multa de R$ 750 mil pelo não cumprimento de um termo de ajustamento de conduta firmado no ano passado. E, para complicar, a Liesa perdeu uma disputa no Superior Tribunal de Justiça e terá de ressarcir os cofres públicos em mais de R$ 70 milhões, valor referente à venda de ingressos para os desfiles de 1995.
Já se fala na criação de uma nova liga. Mangueira, Beija-Flor, Portela, Viradouro, Vila Isabel, que ficaram contra a subversão das regras, se apresentariam no sábado de Carnaval. O Império Serrano entraria de carona.
Para este colunista —que lembra o tempo pré-Sambódromo em que as escolas desfilavam na avenida Presidente Vargas—, não será surpresa se toda essa confusão tiver sido armada de propósito, seguindo-se a máxima de Tancredi, personagem de “O Leopardo”: mudar para que tudo continue como está. (Aliás, que enredo espetacular daria o romance de Lampedusa.)
Tudo seria mais fácil se Marcelo Crivella agisse como prefeito, intervindo na Liesa (um clubinho de banqueiros do jogo do bicho, interessados na massa de recursos que o espetáculo movimenta) e deixando a Riotur se responsabilizar pelo Carnaval. Aí talvez as coisas mudassem demais. Neste ano, a festa aumentou a economia da cidade em R$ 3,7 milhões e levou mais de 7 milhões de pessoas às ruas. Mas Crivella a detesta. Pior: demoniza-a.
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