Alvaro Costa e Silva

Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

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Adele Fátima

Filme contará a trajetória da atriz rotulada de 'mulata exportação'

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Adele Fátima e Costinha em 'Histórias que Nossas Babás Não Contavam'
Adele Fátima e Costinha em 'Histórias que Nossas Babás Não Contavam' - Divulgação

​Vem aí um filme que conta a trajetória de Adele Fátima, de sobrenome Hahlbohn, pai alemão. Quem viveu os meados dos anos 1970 e o início da década de 1980, lembra-se bem dela, uma escultura de carne, osso e formosura que ficara conhecida nacionalmente ao estrelar a campanha publicitária das Sardinhas 88. Ela aparecia rebolando dentro de um biquíni amarelo na televisão e estampando outdoors em pontos estratégicos do Rio, como a chegada ao Galeão.

Descoberta aos 17 anos num show de vedetes de Oswaldo Sargentelli, Adele era o que se chamava de “mulata exportação”.  Uma estratégia de vender a imagem de país apelando para o sexo, a qual não mudou com o tempo. Bastar olhar para a recente campanha da Embratur, cujo slogan traduzido é “Brasil. Visite e nos ame”. Em inglês, o oferecimento fica mais evidente: “Brazil. Visit and love us”.

Atriz principal da melhor pornochanchada de todos os tempos —“Histórias que Nossas Babás não Contavam”, de 1979, na qual contracenou com Costinha e ainda sete anões— e homenageada no suingue “Adelita (Ela é Magnética)”, de Jorge Ben Jor (“Quando ela passa por aqui/ E me olha com esse olhar inocente”), Adele Fátima se transformou em um símbolo sexual absolutamente povão.

O que contrastava com sua maior rival na época: Rose di Primo, famosa por um sugestivo comercial de iogurte. A gatíssima Rose era a expressão do comportamento moderno e independente das garotas da zona sul carioca. Acontece que Adele também era uma mulher descolada e inteligente.

 Sei disso porque a entrevistei, nos anos 1990, quando cometi uma gafe. Cheguei cedo, e o porteiro do prédio pediu que eu aguardasse. Eis que surge uma moça meio gordinha, de largas camisetas brancas e jeans, suada e carregando sacolas de supermercado: “Estou esperando a Adele”. E ela: “Mas sou eu mesmo, meu anjo, não está me reconhecendo?!”.

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