Apesar do VAR, o futebol ainda alimenta discussões, polêmicas, teimosias. Leitores estranharam a informação que publiquei em recente coluna (9/7), segundo a qual o maior público presente no Maracanã, em um jogo da seleção brasileira, foi registrado no Brasil 4 x 1 Paraguai, em 1954: 195.514 pessoas. A história oficial, no entanto, aponta outro Brasil x Paraguai (1 a 0, gol de Pelé), em 1969, como marco: 183.341 pagantes.
A confusão reside aí, ao se considerar o número de pessoas presentes ou de pessoas pagantes. E poderia se estender aos jogos da Copa do Mundo de 1950, em especial a decisão com o Uruguai em 16 de julho, quando mais de 200 mil pessoas estiveram no Maracanã —oficialmente, 173.850. Os torcedores invadiram o estádio, atropelando roletas e derrubando parte dos muros. Muitos ficaram nas rampas de acesso, sem visão do campo.
No mesmo texto escrevi que, no Brasil x Peru de 1957, Didi marcou de falta o gol da vitória, apresentando ao mundo a folha seca. Mais celeuma. O pesquisador Ivan Soter garante que foi o jornalista Luiz Mendes quem deu nome ao chute especial de Didi, ao descrever um gol dele, ainda em seus tempos do Madureira, contra o Fluminense: "A bola parecia uma folha seca, foi cair em lugar incerto e ignorado, principalmente pelo goleiro Castilho".
O lance narrado por Mendes teria acontecido em 1949 —oito anos antes da partida com o Peru. Carlos Heitor Cony também se lembrava de uma folha seca pré-histórica, num amistoso do Fluminense com o Grasshopper, de Zurique, disputado nas Laranjeiras. O certo é que a genial batida na bola não nasceu do nada. Foi sendo aperfeiçoada com zelo de jardineiro oriental numa época em que Didi machucara o tornozelo direito, e o pé doía na hora de chutar com força. Veio-lhe o jeito.
Eis um bom tema de debate para uma tarde preguiçosa na Folha Seca, a livraria da rua do Ouvidor.
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